quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Pela Paz

31 de Dezembro de 2009


Não terá sido por acaso que o primeiro dia do ano foi escolhido como Dia Mundial da Paz.
É o principal sonho da Humanidade;sem ela os outros direitos dificilmente serão cumpridos.
Apesar disso,se olharmos para a história ao longo dos séculos,o que mais recordamos são narrações de guerras e conflitos. A História de Portugal que há uns anos nos ensinavam na escola primária era disso um exemplo:as intermináveis guerras com os Mouros,Castelhanos e sei lá quem mais.
Hoje as guerras são outras,mas nem por isso o mundo tem mais paz,muito pelo contrário.
Em muitas zonas do Globo,mas particularmente em África,Ásia e Médio Oriente ,há conflitos armados que ameaçam a estabilidade .Enquanto isso, perdura e agrava-se mesmo uma outra “guerra”que tem a ver com a pobreza e todas as suas consequências.Não teremos paz enquanto persistir a pobreza.
A paz alcança-se combatendo tudo aquilo que a ameaça.Onde há conflitos armados é imperioso que se fomente a tolerância e o diálogo,mas é sobretudo necessário que se combata a ganância subjacente aos negócios das guerras,tais como o comércio de armas.Enquanto se fabricarem e traficarem sem controlo não deixaremos de ter notícias de carnificinas;pede-se coragem aos governantes para decretarem o fim deste mortífero negócio.
Por outro lado, é preciso despertar as consciências para a situação absolutamente miserável em que sobrevive mais de um terço da humanidade.
Pela Paz temos que recusar as armas e a indiferença e optar pelo diálogo,bom senso e amor.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Espírito de Natal

24 de Dezembro de 2009


Nesta quadra,cristãos ou não,acabamos todos por ser sensibilizados por um clima muito especial.
É verdade que o Natal está cada vez mais comercial e,consequentemente, menos cristão.Tudo ao nosso redor nos atrai para as compras.Há gente para quem esta Festa é apenas pretexto para dar e receber prendas e ela será melhor ou pior consoante o valor dos presentes.
Porque o verdadeiro Natal nada tem a ver com isto, devemos contrariar este ambiente consumista.Efectivamente, festeja-se o nascimento de Jesus Cristo que nasceu pobre e cuja principal mensagem é o Amor.
Miguel Torga,no Natal de 1956 ,passado em Coja,à lareira do seu grande amigo Fernando Valle,denunciava:”Tanto lume aceso em todo o Portugal,e tanto frio nos corações!”.
É ainda ele que ,também no Natal,mas em 1959,reflecte:
“Presépio é qualquer berço
Onde a nudez do mundo tem calor
E o Amor
Recomeça”.
Que este dia seja motivo para reflexão sobre o verdadeiro espírito natalício que só pode ser consubstanciado através do Amor aos outros como a nós mesmos.
É com este sentimento que a todos desejo um Santo Natal.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Ambiente com Futuro

17 de Dezembro de 2009



Está a terminar em Copenhaga,capital da Dinamarca,a Conferência do Clima.Quando escrevo ainda não sei que conclusões de lá sairão,mas é absolutamente urgente que os países aí reunidos encontrem respostas para minimizar as alterações climáticas que estão a pôr em risco a sobrevivência da humanidade.
Com o aumento da população, a cada vez maior redução de solos aráveis,a escassez de água e o aumento da poluição, caminhamos para a catástrofe se não mudarmos de hábitos e não forem encontradas alternativas.As frequentes anomalias climáticas manifestadas por cheias,secas,furacões,incêndios e outras,são aviso sério.
É óbvio que as decisivas medidas têm que ser encontradas ao mais alto nível,já que são precisamente os grandes países,como a China,Estados Unidos da América,Rússia,India os que mais contribuem para a poluição.É de exigir e esperar que os respectivos governos sejam os primeiros a assumir as suas responsabilidades,adoptando medidas que reduzam os factores de poluição.Ainda assim,é responsabilidade de todos e cada um de nós cidadãos contribuir para um melhor futuro ambiental.
Muito por ignorância,mas também por comodismo ou desleixo,nem sempre a nossa prática diária corresponde à defesa do ambiente.A água que desperdiçamos,a electricidade que não poupamos,a utilização do automóvel particular em vez do transporte público,o pouco cuidado na recolha e selecção dos lixos ...são apenas alguns exemplos.
Atrevo-me a sugerir ,a quem ainda o não fez, uma acção concreta:Troquem já as lâmpadas incandescentes por lâmpadas economizadoras,tanto mais que a partir de 2012 aquelas serão banidas do mercado. Com esta simples medida poupar-se-á 80% de energia eléctrica.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Direitos Humanos

10 de Dezembro de 2009




Foi a 10 de Dezembro de 1948 que a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou a Declaração Universal dos Direitos do Homem.
São 30 artigos,todos importantes.No meu entender,se levado às últimas consequências,o Artª 1ºseria suficiente para significar os direitos do ser humano:Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.Dotados de razão e consciência,devem agir uns para com os outros em espirito de fraternidade.
Decorridos mais de 60 anos ,constatamos que os Direitos não só não são cumpridos,como são sistematicamente violados.
Memorizando todos os artigos da Carta,na minha opinião a principal causa da sua frequente violação é a situação de pobreza com que se confronta grande parte da humanidade (20% sobrevive com pouco mais de meio euro por dia). É impossível garantir direitos sociais,politicos,culturais ou outros a pessoas numa situação tão degradante.
Aceitando que todos nascemos “iguais em dignidade e direitos” e que devemos agir “uns para com os outros em espirito de fraternidade”, é urgente vencer o flagelo da pobreza se queremos praticar os Direitos Humanos.
Num inquérito recente concluiu-se que a luta contra a pobreza no mundo e em Portugal é a questão que mais preocupa os portugueses.Boa razão para incentivar o poder político a encarar a sério este problema.
Salvaguardando casos excepcionais,como o de muitos idosos e crianças ,não é com subsídios que se combate a pobreza.Pelo contrário,será criando condições de trabalho e remuneração justas.Não acredito no fim da crise enquanto o desemprego aumenta;nunca sairemos verdadeiramente dela enquanto persistirem as escandalosas desigualdades sociais.Não haverá recuperação económica sem que sejam respeitadas as necessidades das pessoas.Serão sempre violados os Direitos Humanos onde e quando houver pobreza.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Dia dos Deficientes

3 de Dezembro de 2009




Bom motivo de reflexão para todos,particularmente para quem não sofre deste tipo de limitações.No entanto, a melhor forma de comemorar este dia seria a concretização de algumas das muitas faltas que a sociedade mantém relativamente aos deficientes.
Sendo incontestável que todos temos os mesmos direitos,é necessário proporcionar meios para que os possamos exercer.Infelizmente não é isso que acontece com quem sofre de limitações.
Portugal ,à semelhança de muitos outros países,aprovou a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência,através da qual,entre outras,se reconhecem e promovem os direitos,se proíbe a discriminação e se responsabiliza toda a sociedade pela criação de condições que garantam esses direitos.Apesar de termos boa legislação,falta-nos sensibilidade e vontade política.Na Europa, somos dos países onde o deficiente sente muitas dificuldades e ainda é olhado como um “coitadinho”.
Há quase 15 anos li,comovido,o excelente livro-testemunho Para Além da Esperança de Maria Leonarda Tavares.Só a força,coragem e dignidade dos dois protagonistas tornou possível vencer as muitas barreiras,indiferenças e até hostilidades.Decorridos estes anos,permanecem muitas das situações aí denunciadas.
A jeito de homenagem aos heróis que,apesar das contrariedades,não se conformam,mas também como repto ao poder político,termino com um pequeno extracto do livro:
“No dia seguinte fomos até Londres de comboio.O Miguel ficou radiante quando verificou que estava numa cidade onde quase não havia barreiras arquitectónicas.Em todos os edifícios públicos havia sempre rampas e elevadores espaçosos.Viam-se por todo o lado símbolos de cadeiras de rodas.Andámos pela cidade e o Miguel pôde acompanhar-me sempre,entrando nas lojas,visitando museus e galerias de arte.Encontrámos frequentemente casas de banho destinadas a paraplégicos.
Na viagem de regresso a Wendover o Miguel disse-me:
-Os deficientes deste país são uns senhores.Quando é que nós vamos conseguir isto tudo em Portugal? “.
Foi há quase 35 anos...como estamos hoje?

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Fernando Valle

26 de Novembro de 2009



Faz hoje cinco anos que este “cidadão exemplar” nos deixou.
O seu combate foi sempre pela Liberdade,Igualdade e Fraternidade.
Foi no contacto diário com os seus conterrâneos que defendeu estas causas.Por isso foi prejudicado na sua vida profissional e perseguido pela PIDE.
No entanto,apesar do país viver sufocado pelo medo que a ditadura impunha,nunca faltou ao Dr. Fernando a solidariedade corajosa do povo.Ele mesmo o reconheceu quando afirmava:”o apoio do povo é que sempre me valeu”.
Foi assim em 1962 quando,preso no Aljube,é ajudado por um patrício que aí presta serviço como barbeiro:”sou de Alvares,conheço muita gente de Arganil e as pessoas de lá querem saber se estava aqui preso.Precisa de alguma coisa de lá de fora?”.
É também por essa altura,estando ainda preso, que os pobres de Coja lhe manifestam por escrito a sua solidariedade.
Quando,em 1971,lhe fecham o consultório em Arganil, o povo anónimo vai buscá-lo a Coja,em ombros,nas barbas da PIDE.
Ainda nesse ano ,músicos da Filarmónica Arganilense arrombam as portas da Casa do Povo para tomar os instrumentos com que festejaram a sua recepção;tendo sido presos,logo Fernando Valle corre à PIDE em Coimbra:”se tem de se prender alguém,não são os músicos,é a mim”.
No 1º de Maio de 1974,conquistada a Liberdade,poderia dizer aos seus conterrâneos da varanda dos Paços do Concelho:
“Eu espero que voçês,nesta Câmara Municipal que neste momento nós representamos,sintam que esta é a vossa casa,sintam que têm o dever imperioso de vir aqui dizer o que pensam e a maneira como hão-de resolver-se os problemas”.
É este o Homem que sempre esteve com o seu povo;por isso nunca será esquecido e permanecerá como exemplo.
NB-Citações e outras referências foram extraídas da excelente biografia Fernando Valle-Um Aristocrata de Esquerda do jornalista Fernando Madaíl

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

José Mattoso em Coja

19 de Novembro de 2009


A quando da inauguração da sede da Junta de Freguesia de Coja,em 21 de Novembro de 1993,José Mattoso,oriundo do Pisão, proferiu uma brilhante conferência,em boa hora editada pela Junta, com a colaboração da Editorial Moura Pinto.Recomendo a leitura ou releitura (encontra-se disponível na Biblioteca Alberto Martins de Carvalho de Coja).
Decorridos estes anos, é notável a sua oportunidade.Em 1993 disse José Mattoso:
“Ao contrário do que acontecia no tempo dos nossos avós, dificilmente se acredita que o dia de amanhã seja muito melhor que o de ontem.Esperam-se no futuro restrições sérias às condições económicas da vida da maioria dos habitantes,olha-se com apreensão para o dia de amanhã...”
E acrescentava :”Para os que têm menos sucesso individual a sua única defesa consiste em unirem-se e apertarem os laços comuns...Insisto na necessidade de fomentar um espírito de entreajuda e de cultivar a consciência de que uma comunidade de moradores só pode subsistir se transmitir aos vindouros um espírito de coesão.”
Porque falava para os cojenses,acrescentou:”Faço votos para que os habitantes desta freguesia de Coja saibam procurar os caminhos do futuro,e se saibam organizar para melhorarem as suas condições de vida...”
Quem diria melhor nestes temos de crise?

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Gastar com Critério

12 de Novembro de 2009


A atribuição de apoios, sem outro critério que não seja ceder às pressões de quem mais pede ou de influências politico-partidárias, é um mal muito presente na sociedade portuguesa.
A única forma legítima de gastar dinheiros públicos é aplicá-los com justiça onde possam ser mais necessários e com maiores benefícios para a comunidade.
Isto aplica-se a tudo: na agricultura,na educação,na cultura e também nas áreas de apoio social.
É um erro grave continuar a dar subsídios supostamente para a agricultura,mas que acabam por ser gastos em luxuosos montes alentejanos,ou jipes de turismo.Por muito que isso tenha custado a muitas das nossas aldeias,seria uma má gestão manter abertas escolas com duas ou três crianças.É desperdício de verbas comparticipar numa mesma terra a construção e manutenção de várias sedes para as diferentes colectividades,quando um bom e funcional Centro Cultural ,bem gerido,responderia melhor a esta necessidade.
Assistimos hoje a um esforço para abrir e manter Lares em terras com pouca população e muito próximas entre si.É compreensível ,tanto mais que é fruto de grande voluntarismo.Contudo,receio que o Estado ,a quem cumpre este dever ,não tenha meios para garantir a todos estes as condições de dignidade a que as pessoas utentes destas instituições têm direito ;e quando falo em condições, quero expressar muito mais do que uma boa higiene ou alimentação.
A alternativa seria concentrar os apoios em estruturas (duas ou três por concelho),dotando-as com os requisitos necessários e permanentes ,valorizando áreas até agora pouco desenvolvidas,tais como manutenção física e intelectual,devidamente apoiadas por profissionais.É neste contexto que me parece mais acertado exigir e concentrar apoios para optimizar o que já temos,em vez de insistir em pequenas e dispersas obras que,por falta de meios, não poderão garantir a dignidade desejada aos seus utentes.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Ainda o Teatro e a Cerâmica

5 de Novembro de 2009


Quem me tem acompanhado nestas crónicas semanais saberá que, entre a reabilitação do Teatro Alves Coelho e a requalificação da antiga Cerâmica Arganilense, a minha prioridade vai claramente para o Teatro:não só pela história da sua criação,pelo valor patrimonial do edificio,mas particularmente pelas potencialidades que a sua reabilitação oferece.
Não serei eu a pôr em causa a necessidade de intervenção na antiga cerâmica ;no entanto,tenho dificuldade em compreender que possa ser esta obra uma das principais bandeiras da Câmara de Arganil.
A escassez de recursos e as muitas carências do concelho aconselhariam uma boa avaliação das prioridades e um racional aproveitamento de estruturas existentes.
A verdade é que,ainda antes das recentes eleições autárquicas,foi anunciada a adjudicação dos trabalhos na antiga Cerâmica.Ao que tudo indica vai ser a grande “obra” do próximo mandato.
É neste contexto que,mais uma vez,lanço o alerta,fazendo-me eco das palavras do presidente da Assembleia da Misericórdia de Arganil,Dr.Armando Diniz Cosme, a quando da cedência deste espaço à Câmara:”O Teatro não pode continuar assim,porque é uma afronta para os arganilenses “.
Quando se inicia um novo mandato do executivo camarário de Arganil, é legítimo esperar que,nestes próximos quatro anos,a reabilitação do Teatro possa ser concretizada,já que,esta sim,é uma obra que pode contribuir para “a melhoria da qualidade de vida do concelho”.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Terceira Idade

29 de Outubro de 2009


O dia de hoje é dedicado à 3ªIdade.
Falar dela é falar da velhice,só que esta palavra parece fora de moda.Ninguém gosta de ser tratado por velho e a sociedade “inventou”esta expressão para suavizar a coisa.
Mais importante do que as palavras com que rotulamos esta fase da vida é a maneira como a encaramos.
Envelhecer é um processo contínuo que deve ser vivido com naturalidade.
É indiscutível que hoje se vive durante muitos mais anos do que no passado.A sociedade do futuro terá cada vez mais pessoas idosas.Há projecções que prevêem que em 2060 residirão em Portugal 271 idosos, por cada 100 jovens.Isto só por si não é mal, no entanto obriga a que tenhamos que nos adaptar a esta realidade.Não basta viver mais anos;o importante é fazê-lo com qualidade e dignidade até ao fim.
Apesar dos progressos,manda a verdade que se diga que ainda estamos longe de responder a essa exigência.
Quando lemos que há mais de 13.000 idosos em lista de espera para conseguir lugar em Lares apoiados pelo Estado;quando temos notícias da forma desumana como funcionam alguns lares;quando constatamos as limitações de muitos outros,impossibilitados de proporcionar qualidade de vida aos seus utentes;não falando da grande maioria de velhos que vivem em casa de familiares,ou na sua casa,sem as condições mínimas, tomamos bem consciência do muito que há por fazer.
Porque a vivência da velhice tem a ver com o ambiente que a rodeia,é fundamental que o Estado e a sociedade criem condições para que a Terceira Idade corresponda a um envelhecimento activo que proporcione vontade de viver.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Agricultura Familiar

22 de Outubro de 2009


Na sequência do que dizia na semana passada a propósito do regresso às suas terras de muitos desempregados e reformados ainda activos ,hoje falarei da Agricultura Familiar,que tão ignorada tem sido pelos sucessivos governos.
No Brasil,no âmbito do Ministério do Desenvolvimento Agrário,existe a Secretaria da Agricultura Familiar.Um dos objectivos é “valorizar e divulgar o conceito da agricultura familiar como actividade económica fundamental para o desenvolvimento sócio-económico sustentado do meio rural”.
Em Portugal pouco se fala deste assunto e ,no entanto,o nosso país tem as melhores condições para que se incentive este sector , já que temos diversidade de territórios rurais e de agricultura.Precisamos de flexibilizar e descentralizar as acções de apoio à agricultura familiar.
Se queremos manter vivo o interior, temos que promover o desenvolvimento rural.Este,para ser sustentável,tem que se apoiar na pequena agricultura familiar ou mesmo a tempo parcial.Na continuidade desta,outras actividades se desenvolverão,tais como a silvicultura,artesanato,turismo,etc.
Como dizia:é preciso aproveitar a circunstância deste retorno à terra,de modo que possa representar uma boa alternativa em tempo de crise.

domingo, 18 de outubro de 2009

Regresso às Origens

15 de Outubro de 2009


Durante muitos anos assistimos ao abandono das nossas aldeias ,particularmente pelos jovens que procuravam melhores condições de vida.À medida que os mais velhos ficavam impossibilitados para o trabalho as terras iam ficando incultas.
Assim se chegou ao panorama desolador do nosso meio rural!
Devido à crise,mas também a pretexto da mesma,muitas empresas encerraram ou ameaçam fazê-lo, provocando desemprego.E para este não se vê alternativa a curto prazo.
Estamos já com uma muito elevada percentagem de portugueses a viver do sempre escasso subsídio.Como bem sabemos, esta situação não se pode eternizar:menos produção e menos receita não dão para manter este agravamento de despesas;e quando o dinheiro é pouco,as primeiras vítimas são quem menos tem.
É neste contexto de dificuldades que se compreende o regresso às origens de muitos destes desempregados e reformados ainda activos.
Bom seria que este regresso fosse devidamente acompanhado e apoiado com medidas concretas de estimulo à Agricultura Familiar ou a tempo parcial de que falarei em próximo Ponto de Vista.
Seria incompreensível também que as Autarquias não estivessem atentas a esta nova realidade,assegurando as melhores condições a quem procura o mundo rural.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Politica Social Autárquica

de Outu8 bro de 2009


Quando se fala de acção social logo pensamos nos problemas das pessoas mais carenciadas ou marginalizadas.
Para lhes dar resposta existem várias instituições a nível de freguesia e concelho.Neste particular, as Autarquias têm responsabilidades,na medida em que,através dos chamados Conselhos Locais de Acção Social,deverão garantir um adequado
Planeamento,aproveitando os vários recursos e competências de modo a tornar o trabalho destas várias instituições funcional e eficaz.
No entanto,a política social duma autarquia tem que contemplar toda uma série de preocupações que influenciam a qualidade de vida dos munícipes.
Educação,Tempos Livres,Cultura,Saúde,Habitação,Transportes e Comunicações são áreas prioritárias.
A titulo de exemplo, refiro um sector muitas vezes descurado pelas Autarquias, a pretexto de ser incumbência do Governo:às Câmaras não lhes pode ser indiferente o funcionamento dos Centros de Saúde do concelho;é sua responsabilidade exigir que eles respeitem os direitos dos munícipes.
Porque estamos em período eleitoral, é de esperar que os candidatos nos dêem a conhecer as suas políticas sociais.
É também,ou principalmente, através delas que se pode avaliar o perfil dos futuros autarcas.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Ser ou não ser Velho

01 de Outubro de 2009


O Professor Polybio Serra e Silva,além de reconhecido cardiologista,tem dedicado muito do seu saber e experiência ao estudo do processo de envelhecimento.
A propósito do Dia do Idoso que hoje comemoramos,lembrei-me duns versos seus que li já há uns anos;tenho pena que o espaço não permita a transcrição integral,mas o Autor desculpar-me-à o prejuízo.
Aqui vai,então:
Ser “velho”ou não...
eis a questão!

é preciso aprender
a dizer:-não!
pois,sabendo envelhecer,
ser “velho”é mesmo uma opção
...

É preciso,então,definir,
Distinguir,
Entre Velho cronológico
E “Velho” fisiológico.
...
Portanto, Ser “Velho”
Com muita ou pouca idade,
Mas antiquado
É ,na verdade,
O resultado
De não saber
Envelhecer!
...
Sendo assim,
Cá para mim,
Não ser “Velho” é conseguir
Atingir
Uma idade
Avançada,
Tendo conservada
A mentalidade
Da mocidade.







quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Quem nos Representa?

24 de Setembro de 2009


No modelo democrático que conhecemos, os cidadãos elegem quem os representa.Ao votar é neles que confiam as decisões políticas.
Acontece que,na grande maioria dos casos,não conhecemos as pessoas em quem votamos.São as estruturas partidárias que indicam os candidatos,muitas vezes sem respeitarem a vontade das bases.O eleitor acaba por,confiadamente, votar no símbolo do partido .Passando-se assim as coisas,não é de estranhar que,depois de eleitos,muitos deputados nunca mais apareçam junto das pessoas a quem pediram confiança.
Isto explica também que a maioria das promessas feitas em campanha nunca sejam cumpridas.
Tal procedimento contribui para que haja mais desinteresse e aumente a abstenção.
Há quem defenda que a criação de círculos uninominais,cujo voto servia para eleger um único deputado por círculo,permitiria maior ligação entre eleitores e eleito.Não estou disso convencido:penso mesmo que correríamos o risco de ter no Parlamento um conjunto de “caciques” locais,mais empenhados nas questões pessoais ou locais do que no interesse comum.A Assembleia seria um caos (leia-se Eça de Queirós ou Camilo,por exemplo,para se ter uma ideia do que poderia ser).
Sendo assim,a melhor solução é exigir aos partidos que indiquem as pessoas certas, comprometidas com o distrito pelo qual concorrem;pedir-lhes também que dignifiquem os deputados,dando-lhes liberdade de actuação e não fazendo deles meras câmaras de eco.
Como o podemos fazer?
Não votando nos partidos que contrariem esta prática.

.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Velhos e Bons Costumes

17 de Setembro de 2009


Acredito que o mundo não voltará a ser o que era antes desta crise.
O abalo provocado é bom pretexto para experimentar novas oportunidades ,já que os factos demonstram que não era bom o caminho que vínhamos seguindo.
No que respeita a Portugal, parece-me que estamos no tempo de fazer algumas pequenas coisas:há que alterar a mentalidade duma geração que,ao contrário de avós e pais,cresceu no convívio com o consumismo e com as facilidades.Alguns de nós,os mais velhos,talvez para esquecer as muitas dificuldades passadas, caímos no “pecado” de facilitar excessivamente a vida desta nova geração.
Ao abrigo das facilidades, mas também irresponsabilidade ,o lema tem sido: consumir,consumir,sem pensar em poupar.
A crise veio expor esta realidade e está a provocar situações verdadeiramente dramáticas,particularmente para quem não arranja ou perdeu o emprego.
Em muitas destas situações o único recurso ainda são os pais.E quando eles não puderem?
Talvez seja pois altura certa para alterar hábitos e adoptar comportamentos mais conformes à realidade.Boa ideia seria retomar alguns bons costumes do nossos antepassados,particularmente no que diz respeito à poupança e ao aproveitamento.
Naturalmente ninguém defende que se regresse aos miseráveis tempos da guerra e aos difíceis anos seguintes.No entanto,não deitar para o lixo muito que pode e deve ser recuperado,fazer melhor aproveitamento das terras agricultáveis e muitas outras pequenas coisas que fomos abandonando,serão actos importantes para enfrentar a crise.
Faz todo o sentido recuperar as quase esquecidas profissões do sapateiro,costureiras e muitas outras:não é mais tempo de usar e deitar fora.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Eleições Autárquicas

10 de Setembro de 2009


Aproxima-se um longo período eleitoral:são as Legislativas já a 27 e ,em 11 de Outubro,as Autárquicas.
A proximidade destes dois actos e o maior mediatismo das Legislativas poderão contribuir para que as Autárquicas não tenham a justificada atenção.No entanto,é bom lembrá-lo ,vamos escolher as pessoas para presidir às Câmaras e Juntas de Freguesia,precisamente os dois órgãos que mais directa e concretamente têm a ver com o nosso dia a dia.
Infelizmente nem sempre os candidatos são os mais desejados e necessários,já que quase nunca resultam dum trabalho de base junto das populações,auscultando-as;pelo contrário,são “impostos”por interesses e calculismos partidários.
Seja como for,é este o sistema que vigora e quem se apresenta merece respeito.
Tanto a Câmara como a Junta de Freguesia são órgãos fundamentais para a vida da comunidade.Por estarem mais próximos das populações, é deles que se espera resposta para as questões mais imediatas e concretas do concelho ou freguesia.
É por isso que as eleições Autárquicas são tão importantes.Havendo vários candidatos e diferentes opções,é essencial que o cidadão se interesse por conhecer as pessoas e os programas.
Sabemos por experiência que quase nunca se cumpre o que se promete em tempo de eleições;por isso,mais do que dar crédito às promessas,importa conhecer a personalidade de quem as faz.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Criticar É Fácil

3 de Setembro de 2009


Lendo ou ouvindo jornais,rádio ou televisão, logo constatamos que Portugal é um país onde não faltam comentadores e analistas. Todos criticam;todos fariam diferente e melhor se fossem eles a mandar.
O mais curioso é que alguns dos que o fazem já estiveram no poder e nem por isso fizeram o que agora recomendam através dos seus comentários.
A grande diferença está entre o comentar e opinar e o decidir.
Não quero dizer que não se possa e deva ter e exprimir opinião;o que pretendo significar é que só devemos criticar o que conhecemos e sobretudo ser honestos e coerentes nas análises que fazemos.
Dizer mal de tudo e todos,só por dizer,é mal muito nosso.
A coisa torna-se mais grave quando são os próprios partidos a fazerem prática deste mau hábito.
Todos criticam e prometem fazer diferente,mas o pior é que todos nos lembramos do que eles fizeram ou fazem quando foram ou são poder.Quando chamados a votar,mais do que ter em conta as criticas,valerá a pena estar atento à prática de quem as faz.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Dinheiro e Felicidade

27 de Agosto de 2009


O dinheiro é um instrumento cheio de potencialidades. Alguém disse: quando bem usado, particularmente na sua função social, é ouro; mas quando mal utilizado é esterco.
Podendo ser um meio para a felicidade, não é a felicidade.
Possuir dinheiro é um direito e objectivo legítimos, mas quem faça disso a sua única motivação nunca será verdadeiramente feliz.Com ele podemos adquirir muitas coisas, mas nunca o essencial: a felicidade.
Como disse, o dinheiro é coisa boa quando usado com responsabilidade social, mas pode ser causa de infelicidade quando adquirido ou utilizado por meios moralmente condenados.
Embora haja inúmeras definições e conceitos de felicidade,no meu entendimento,a autêntica está ao alcance de todos,ricos ou pobres.
Somos felizes quando nos tratamos bem a nós próprios e aos outros como a nós mesmos:a verdadeira felicidade é solidária,tem que ser partilhada.
Seremos tanto mais felizes, quanto livres da ganância e egoísmo.
Aos que têm dinheiro para além das suas necessidades, lembro a definição de Léon Tolstoi:”A alegria de fazer o bem é a única felicidade verdadeira”.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O Deve e o Haver

20 de Agosto de 2009


No que respeita a gestão financeira ,quem governa tem que praticar as mesmas regras que uma família sensata aplica na sua economia doméstica:ponderar as despesas e as receitas.
Sempre que os gastos são superiores aos ganhos,das duas três:ou vendemos o que ainda temos, pedimos emprestado ou então passamos mal.
Qualquer das situações acarreta compromissos e prejuizos.Quando vendemos tudo já nada mais nos resta e ficamos ainda mais pobres;ao pedir emprestado,mais tarde ou mais cedo, teremos que pagar.Todos sabemos que quanto pior for a situação financeira ,mais custoso será obter empréstimos.
Dizem os economistas que Portugal está a gastar acima das suas possibilidades.Significa que o nosso défice é cada vez maior e ,tendo que pedir dinheiro a outros países,cada vez teremos que o pagar mais caro.
Sendo difícil imaginar que seja possivel,na actual conjuntura ,agravar mais os impostos à grande maioria dos portugueses,não vislumbro outra solução que não passe por poupar mais no supérfluo ,praticar uma política fiscal mais justa e por aproveitar melhor os nossos recursos.Se não quisermos comprometer o futuro,temos que nos governar à medida dos nossos meios.
Nada adianta dizer que há mais países como o nosso,ou ainda piores.Aqui,como em tudo,temos que contar prioritariamente connosco.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Oportunistas

13 de Agosto de 2009


Respeito todos os que,dentro dos partidos,se empenham honesta e democraticamente ,de acordo com os seus ideais,por uma sociedade melhor.
A cidadania não se esgota nos partidos,mas sem eles não há democracia.
O que me custa a aceitar é a atitude de alguns que se servem deles apenas para alcançar interesses pessoais.
Os maiores partidos,os que podem levar ao poder,são particularmente procurados e frequentados por este tipo de pessoas.
A coisa torna-se mais escandalosa quando,se por quaisquer circunstância,não lhes é garantido um “tacho”,logo eles ameaçam sair e bater à porta do outro partido que ,de imediato e alegremente os acolhe.
Este comportamento é um atentado ao exercício da cidadania e ,como tal,prejudica a democracia.
Claro está que,neste caso,os partidos são os principais responsáveis.No engodo de “roubar”mais uns votos ao concorrente,tudo lhes serve.
Felizmente, os cidadãos vão conhecendo estas habilidades e, no momento certo,saberão distinguir os políticos dos oportunistas.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Que Inovação?

30 de Julho de 2009


Os tempos de hoje são da chamada Sociedade de Informação.Os avanços tecnológicos permitem-nos partilhar conhecimentos e informação em tempo real e em qualquer local.
A maior ou menor competitividade de países e regiões é proporcional ao grau de desenvolvimento destas novas áreas.
A Finlândia foi um país pobre até à década de 50;hoje,graças à aposta na tecnologia de informação e respectivas redes,tem um dos melhores níveis de vida do mundo.
Em Portugal, só nestes últimos anos se começou a investir neste sector.O chamado Plano Tecnológico é o ai-jesus do Governo.
No entanto,esta febre de inovação não pode fazer esquecer ou mesmo ignorar o profundo atraso com que se debatem muitas zonas do país.
No caso concreto da nossa região,bastará estar atento às frequentes queixas e desabafos veiculadas pelo Jornal de Arganil para se ter consciência da situação terceiro-mundista existente em muitas das nossas aldeias.
Há meses, este Jornal titulava:” Povoações do Alto Ceira isoladas do Mundo”.Dizia a notícia: ...no séc.XXI, estas povoações(cinco da freguesia de Fajão) ficam constantemente isoladas do mundo,pois nem há rede móvel:uma simples rajada de vento ou trovão eram suficientes para avariar a cabina de distribuição da PT. Neste caso ,em plena quadra natalícia, o isolamento durou uma semana!
Há poucos dias,era a voz das aldeias de Saião e Salgado,do concelho de Góis,que manifestava descontentamento pelas constantes avarias nos telefones e o impedimento de acesso à Internet.
Quando o Governo tanto se orgulha da aposta na inovação,não pode deixar de exigir à PT e outros operadores a quem foi concessionado este serviço público que o tornem acessível, em pé de igualdade, a todos os portugueses.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

A Força das Ideias

23 de Julho de 2009


Não poucas vezes somos tentados a avaliar as ideias em função de quem as divulga.A verdade é que os princípios devem ser apreciados pelo seu valor intrinseco.Se há incoerência ou contradição entre quem apregoa determinada doutrina ou norma e a sua prática ,o que deve ser realçado é a validade dos conceitos.Bem sei que nem sempre é fácil ouvir alguém a defender coisas em total contradição com a sua prática.A isto responde o povo com o sarcástico “bem prega Frei Tomás...”Ainda assim,o que deve ser condenado é a conduta de quem assim procede e nunca a essência dos preceitos.Aplica-se aqui o velho adágio”olha para o que eu digo e não para o que faço”.
Falo nisto, porque existe muitas vezes o risco de desacreditar as boas ideias só porque quem as divulga não as pratica.Não é pela razão de existirem maus padres,professores,médicos, ou seja lá o que for,que a religião,educação ou medicina deixam de ser valores a defender e praticar. O ideal seria que todos fossem coerentes com o que dizem,particularmente quem tem mais responsabilidades;como isso nem sempre acontece,saibamos nós fazer a distinção entre o essencial e o secundário,neste caso,entre os bons princípios e a eventual má conduta de quem os prega

quinta-feira, 16 de julho de 2009

A Fome

16 de Julho de 2009


A presidente do Banco Alimentar Contra A Fome afirmava há dias que,num só mês, os vários bancos existentes no país receberam tantos pedidos como todo o ano passado.
Significa isto que a fome,mesmo em Portugal, é ,cada vez mais, uma tragédia.
A saída em massa da chamada província para as cidades, agravada agora com o desemprego, explica muito daquilo que se passa nos centros e subúrbios urbanos,onde este flagelo é mais agudo. No entanto, temos que recuar para entender as principais causas: medidas erradas do passado, como seja o abandono de terrenos agricultáveis (caso de Portugal), e a monocultura imposta a países em vias de desenvolvimento, provocaram escassez de bens alimentares e consequente encarecimento.
Quando 1/3 da humanidade sobrevive com menos de um euro por dia; quando em Portugal o desemprego é elevado e muito baixos os salários da grande maioria dos portugueses, não é de estranhar que falte dinheiro para adquirir alimentos.
É o momento de mudar; depois desta crise nada será como dantes.
A solidariedade é necessária e bem-vinda, mas precisamos duma nova ordem mundial que dê prioridade à produção agrícola para garantir a segurança alimentar;sem isto não haverá estabilidade social.
Portugal tem que tomar as suas próprias providências também nesta área, para garantir maior autonomia alimentar.Não se espere que alguém nos ajude se,entretanto, também se confrontar com o mesmo problema:ninguém nos mata a fome se também a tiver.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Justiça Social

09 de Julho de 2009


Foi o banqueiro Fernando Ulrick, presidente do BPI, quem afirmou:”o governo deve ter particular atenção à coesão social e aos mais desfavorecidos”. Quando lhe perguntaram:”onde vai buscar os recursos?”, não hesitou em afirmar:”pode aumentar os impostos sobre os que estão melhor, de modo a ser redistributivo e a ajudar os mais vulneráveis e os mais desfavorecidos. Admito que crie um escalão adicional de IRS para os que ganham mais e não me chocava que se criasse uma tributação das mais-valias em ganhos com instrumentos financeiros.”A citação é longa, mas vale pelo conteúdo e pelo autor.
Estamos habituados a este discurso vindo geralmente de pessoas identificadas como sendo de esquerda.
Na realidade a injustiça social é um problema da sociedade e como tal, a todos deve preocupar. Resulta do egoísmo e infelizmente este pecado tanto cega ricos como pobres.
Porque as desigualdades sociais, além de atentado à dignidade humana, são factor de agravamento da violência e instabilidade, os mais privilegiados, mas particularmente os governos, têm que ser sensíveis a esta realidade, actuando e legislando para que haja mais equidade.
Daí que eu entenda como natural as afirmações deste banqueiro: foi positivo ter dito o que disse.
É um recado aos mais ricos e um repto ao governo.
Há dinheiro: está mal distribuído e, muitas vezes, é mal aplicado.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

O Semanário da Região

02 de Julho de 2009


Não tenho por hábito prestar atenção aos Relatórios de Gestão e Contas.No entanto,comprometido afectivamente com O Jornal de Arganil ,li com interesse a Apreciação Global de Gestão relativa ao exercício de 2008 da Empresa sua proprietária.
Infelizmente e como era de esperar,também ela sofre as consequências da crise financeira e económica.Merece realce e apreço o esforço da Gerência para sobreviver às dificuldades.
Sendo a publicação de O Jornal de Arganil parte relevante da sua actividade e porque a manutenção dum semanário vivo e interventivo é importante para a nossa região, é natural que todos os que se interessam pelo desenvolvimento regional não fiquem indiferentes perante os problemas que o possam afectar.
Empobrecidos pela recente suspensão de A Comarca de Arganil,mais se justificam os empenhos para que este nosso Jornal possa manter-se como paladino das boas causas locais e regionais.
Sem qualquer outra informação para além da leitura do Relatório,fico com a convicção de que a Gerência está empenhada nesse objectivo.
Porque um jornal com estas características desempenha um serviço à sociedade,é razoável pedir e esperar que a comunidade,seja por mais assinaturas,seja através de publicidade ou outros meios,corresponda e acompanhe este esforço.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Imprensa Regional

25 de Junh0 de 2009


Assinante,leitor e antigo colaborador de A Comarca de Arganil sinto mágoa pela situação em que se encontra.
Só razões muito fortes e seriamente ponderadas poderão ter forçado a suspender uma publicação que ,sem interrupções,vinha desde 1901.
O movimento associativo ficou mais pobre.Seja qual for o futuro,o honroso passado de A Comarca de Arganil nunca será ignorado:a história da nossa região ao longo destes 108 anos está nas suas páginas.Daí que se imponha o reconhecimento de todos os que vivem e se interessam pelo desenvolvimento regional.
Dito isto,que é de elementar justiça,vem a propósito reflectir acerca da importância da imprensa regional,particularmente numa região como a nossa,sistematicamente ignorada.
Vivemos tempos em que é mais fácil saber o que acontece em partes longínquas do mundo do que o que se passa à nossa volta:temos notícia do que vai fazendo o Obama na América,por exemplo,mas ignoramos frequentemente o que se faz ou não faz na nossa Câmara ou Junta de Freguesia.
A imprensa regional deve servir para informar acerca do que interessa ao nosso quotidiano.
Porque a nossa região se caracterizava por forte migração,os jornais regionais começaram por ser a “carta de família”que levava as noticias .Para além disso, hoje pede-se bem mais:informação isenta,mas interventiva na defesa das causas cívicas,particularmente associativas e regionais.
Os órgãos de poder,governo e autarquias,têm obrigação de incentivar a existência destes instrumentos de cidadania,mas tem que ser a sociedade a garantir a sua independência e intervenção.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

As Autarquias e a Crise

18 de Junho de 2009



A propósito da crise, afirmava há tempos o Presidente da Associação Nacional de Municípios:”não acredito em respostas centrais para problemas locais”.Julgo entendê-lo, porque, na mesma ocasião, também disse que o Governo devia consultar as autarquias para enfrentar e ajudar a delimitar a crise.
Se esta, pelas causas e dimensão, exige respostas globais, logo, não ao alcance de um só país e muito menos duma qualquer autarquia, não poderá isso ser pretexto para baixar os braços ou ficar inerte.
É tempo de acção: cada um de nós, à sua medida, tem o dever de fazer alguma coisa, particularmente as autarquias. Porque conhecedoras das realidades locais, têm que ser as primeiras a dar respostas concretas.
Existem alguns bons exemplos. Um deles é o vizinho concelho de Mortágua. Atento às preocupações das pessoas e empresas, no Orçamento de 2009 definiu 18 medidas de apoio às famílias e incentivo às empresas. Destas, merecem-me particular destaque: isenção de taxa de construção para jovens casais; isenção de 50% das taxas devidas nos processos de reconstrução e reabilitação de edifícios degradados; redução de 50% do IMI; empresas que se instalem no concelho e criem, no mínimo, cinco postos de trabalho ficam isentas de taxa de edificação; nos estabelecimentos públicos de ensino o prolongamento de horário será gratuito…Enfim, são alguns apoios e incentivos que revelam preocupações sociais e são um excelente sinal e exemplo.
Nestes tempos de agruras, é disto que precisamos e esperamos de quem detém poder.
A prioridade tem que ser poupar no que é supérfluo (e então agora, com eleições à vista!) para concentrar apoios naquilo que possa manter e incentivar trabalho para todos.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

O Desemprego

11 de Junho de 2009

É a mais grave consequência da crise.Quando falta trabalho, não há dinheiro,desaparece a auto-estima e fica aberto caminho à violência social.
Preocupa o que se passa por todo o mundo:na China regressam aos campos milhões de desempregados,nos Estados Unidos da América são mais de oito milhões,em Espanha ultrapassam os quatro milhões (duplicou nos últimos 18 meses),na Alemanha e França os números também são muito preocupantes.
Naturalmente,Portugal não podia escapar a esta desgraça.Os últimos dados oficiais indicam números próximos dos 500.000 desempregados;inquietantes, atendendo à nossa dimensão.
O pior é que,como tudo indica,a situação tende a agravar-se.
Se é inegável que a crise gera desemprego,também há razões para desconfiar de que alguns patrões se estão a aproveitar desta conjuntura para fazerem despedimentos sem qualquer justificação.Este procedimento é criminoso e deverá ser devidamente penalizado.
Sendo o desemprego uma calamidade social, os governos têm que lhe dar a melhor atenção. Até agora vamos sabendo de medidas relativas a subsidios;acontece que o problema não se resolve assim(até porque eles não duram sempre) .É necessário investir em decisões que criem emprego.
Para evitar piores consequências , a sociedade tem que resolver o problema do desemprego.Desde logo, procurando as causas.
Parecendo evidente que foi o sistema vigente que nos conduziu à actual situação,talvez seja ocasião para procurar novos e melhores caminhos que nos levem a encarar o trabalho como bem essencial para a dignidade humana.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Crianças Agredidas

4 de Junho de 2009

É na infância que se estrutura a personalidade do adulto;daí a importância de tudo quanto acontece nesta fase da vida.
Porque hoje é o Dia das Crianças Vítimas de Agressão parece-me ser um bom pretexto para reflectir um pouco acerca desta repugnante realidade.
Desde sempre a criança foi vítima de vários tipos de agressão.Se até ao séc.XVIII era pouco valorizada e até mesmo desrespeitada, a verdade é que, ainda hoje,todos os dias nos chegam notícias de acções violentas contra as crianças.
De acordo com dados da Unicef a cada hora morre no mundo uma criança vítima de agressão; o mais chocante é que,segundo a mesma fonte,80% destes actos são provocados por familiares.
Não encontro palavras para expressar a minha repugnância por esta realidade,mas,porque ela acontece,há que reflectir e encontrar respostas.
Há vários tipos de violência a que as crianças estão expostas:física,sexual,psicológica,social e económica,entre outras.
Sem desculpabilizar os agressores,temos que assumir que a resposta eficaz para este problema terá que envolver cada um de nós,as famílias e toda a sociedade através dos seus vários serviços e instituições.
A criança tem direitos que devem ser respeitados e defendidos.Esta missão não é exclusiva dos pais,envolve toda a comunidade.
Está demonstrado que é nas famílias mais destruturadas que estes crimes acontecem com mais frequência.Pobreza,desemprego,alcoolismo,falta de valores educacionais e culturais são factores de risco.Há que actuar nestas áreas e envolver toda a comunidade nesta luta,quanto mais não seja através da denúncia.Com o nosso silêncio acabamos por ser cúmplices desta inqualificável cobardia que é a agressão às crianças.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Somos Todos Responsáveis

28 de Maio de 2009




A pretexto das mais diversas questões é vulgar ouvir-se:”o Governo não faz...eles...ninguém faz nada...”Sempre os outros;poucas vezes nos interrogamos acerca do que individualmente podemos e devemos fazer .
Sem minimizar as responsabilidades do Estado,a verdade é que ele será melhor ou pior consoante as pessoas exerçam ou não a plenitude dos seus direitos e deveres.
Pretendo dizer que o contributo individual é essencial para um Portugal melhor.
Parafraseando Kennedy,em qualquer momento da nossa vida e sempre que exigirmos do Estado, cada um de nós se deve questionar acerca do que pode e deve ser a sua cooperação.
E nem sequer se pede que façamos grandes coisas:apenas que sejamos solidariamente responsáveis no nosso dia a dia.
Vivemos em comunidade e dependemos uns dos outros.Enriquecemo-nos com o convívio e bom ambiente que construirmos à nossa volta:a sociedade será consequência dos nossos pequenos actos individuais.Aproveitando a circunstância de hoje se comemorar o Dia do Ambiente deixo aqui um pequeno exemplo/desafio das pequenas coisas que podemos fazer:Se eu,os meus vizinhos e todos os outros mantivermos limpas as nossas testadas,teremos as nossas ruas mais limpas,aldeias mais lindas e, afinal,um país mais saudável

quinta-feira, 21 de maio de 2009

RIVALIDADES CASEIRAS

21 de Maio de 2009



Queixam-se algumas pessoas que há excesso de associações em muitas das nossas terras.Salvo melhor opinião, não partilho dessa preocupação.
Reconhecendo que vai sendo mais difícil encontrar pessoas disponíveis para as manterem activas,ainda assim, eu penso que o problema não está na quantidade desses movimentos,mas sim na mentalidade das pessoas.
É saudável a coexistência de várias e diversas associações,sejam elas recreativas,desportivas ou culturais;cada uma terá os seus meios e objectivos; mal existirá quando,em vez de se complementarem, se combatem.
Parafraseando Miguel Torga,direi que em arte e cultura não pode haver adversários;deverá haver sim o esforço de cada criador(associação) para transformar para melhor o meio em que está inserido.
Daí que o prejuízo não venha da diversidade;pelo contrário ,é com ela que se sai mais enriquecido.
Precisamos da conjugação de iniciativas e esforços: é eficaz e revela inteligência.
Custa-me a entender que numa mesma terra,freguesia ou concelho,possa haver rivalidades entre Bombeiros e Filarmónicas,entre Ranchos e Tunas ,por exemplo,particularmente se provocadas por invejas.
Mais incompreensível se torna, quando sabemos que,por norma,quem preside a estas associações são pessoas empenhadas e altruístas.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Abandono de Idosos

14 de Maio de 2009


Há pouco tempo, o presidente da Confederação Nacional das IPSS,Pe Lino Maia,denunciava que há cada vez mais casos de abandono de idosos nos hospitais,realçando que estas situações eram mais frequentes nos centros urbanos e entre famílias com mais posses económicas.
Noutra ocasião,também recente, o Bastonário da Ordem dos Médicos alertava para o facto de haver administrações hospitalares,obedecendo a uma lógica meramente economicista, que estavam a pressionar os médicos para libertarem camas ocupadas por idosos.
A esta realidade mais mediática junta-se uma outra,não menos grave,mas quase sempre escondida: o abandono,negligência e maus tratos a que muitos idosos são sujeitos no seio das suas próprias famílias.Destas situações não há estatísticas(a OMS aponta para números à volta dos 6%) porque são sofridas entre paredes e,na maioria dos casos,sem denúncias.
Chegados aqui,pergunta-se:Quem se preocupa com os idosos?
Qualquer dos casos é revoltante e exige respostas.Desde logo do Estado a quem compete proteger a terceira idade através de políticas sociais de apoio e protecção ao idoso;mas também das famílias, da sociedade no seu conjunto e de cada um de nós.
Nenhum Governo sério pode permitir que os interesses economicistas retirem dignidade ao idoso.
As famílias que por egoísmo fogem às suas responsabilidades têm que ser denunciadas e responsabilizadas.Nada pode justificar o abandono,negligência ou maus tratos.
A sociedade em geral deve estar atenta e empenhada neste problema.
Cada um de nós deve sentir-se responsável,mais que não seja por omissão, na denúncia de casos conhecidos.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

SOPA E LAGOSTA

7 de Maio de 2009


A pretexto da tão falada crise, todos falam da necessidade de fazer sacrifícios.
Se é coisa a que a grande maioria dos portugueses já está habituado desde há muito, também é verdade que há pessoas para quem isso é uma tragédia.
Na realidade, os sacrifícios não são o mesmo para todos.
Se uns, como alguém dizia com graça:”antes da crise já comiam sopa e agora, com a crise, continuam a comer sopa”, outros haverá para quem é uma tragédia ter que comer agora menos lagosta.
Sempre que se exigem sacrifícios, as grandes vítimas são quem menos os pode e deve fazer. E porquê? A razão principal está no sistema social e tributário injusto e corrupto. Se todos pagássemos impostos proporcionalmente aos rendimentos, os sacrifícios não só seriam menores, mas principalmente mais justos.
Por outro lado, para que os cidadãos possam compreender e aceitar os sacrifícios pedidos, é indispensável que políticos, sobretudo os governantes, dêem exemplo e garantia de que eles se justificam e valerão a pena. Desde logo, eles próprios acabando com despesas supérfluas e muitas das regalias inerentes à função; depois, defendendo e praticando políticas de rigor, seja nos investimentos, no controlo do desperdício, seja sobretudo no combate à fraude e corrupção.
Se temos que fazer sacrifícios, que eles sejam proporcionais e aproveitados para fazer de Portugal um país socialmente mais justo.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

ASSOCIATIVISMO

30 de Abril de 2009



A democracia, na sua essência, é o governo do povo pelo povo. Foi assim que, com Platão, na Grécia Antiga, o conceito se desenvolveu.
Com o tempo tornou-se impraticável "todos decidirem acerca de todos". Depois de várias vicissitudes, chegou-se àquilo que denominamos democracia representativa. Seria um sistema adequado, caso os representantes eleitos estivessem à altura das suas responsabilidades; infelizmente quase nunca acontece.
O povo vota nos seus representantes, acreditando nas suas promessas, mas, quando eleitos, facilmente as esquecem. Isto tem contribuído para algum descrédito, que só pode ser contrariado através de maior e melhor participação cívica.
Daí que eu pense que os cidadãos não podem limitar-se a colocar o voto na urna; têm que permanecer vigilantes e activos.
Sem pôr em causa a legitimidade dos eleitos, a intervenção dos cidadãos reforça a qualidade da democracia, direi mesmo, completa-a .
Por ser assim, qualquer governo democrático tem o dever de incentivar essa colaboração. A melhor maneira de cada um de nós o fazer é através do Associativismo. Juntos em organizações, as mais diversas, os cidadãos podem debater as questões que lhes dizem respeito e que só eles conhecem bem.
Mesmo tendo consciência de que algumas vezes haverá tendência para se concentrarem em excesso no seu umbigo, vale a pena estimular e ouvir as associações, porque, havendo bom senso, é sempre a comunidade que fica mais rica.
A nossa região tem forte tradição de movimentos locais e regionais a quem alguém já chamou democracia associativa.
O Dia do Associativismo que hoje se comemora é bom pretexto para que os órgãos de poder reflictam na sua relação com estas associações, mas também para que muitas destas repensem a sua forma de participar.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

25 DE ABRIL

23 de Abril de 2009



Quem me vem acompanhando nestes escritos semanais estranharia se não me referisse ao 25 de Abril de 74, cujo aniversário se festeja no próximo sábado.
Para quem viveu no tempo em que não era possível exprimir livremente opiniões; em que o medo era uma constante e a maioria das famílias sofria as consequências duma guerra colonial já sem qualquer sentido, a Revolução de Abril foi, antes de mais, motivo de grande alegria.
Mas foi-o também de esperança num futuro mais justo para todos os portugueses.
E se é verdade que, decorridos 35 anos, o saldo é extremamente positivo, reconheço que muitas expectativas e promessas foram-se perdendo com o tempo.
Daí que qualquer tipo de comemoração ou festejo desta data só faça sentido se nos fizer pensar e agir para concretizar ou melhorar as promessas anunciadas nesse Abril de 74.
O programa sintetizava-se nos chamados três D’s: Democracia, Descolonização e Desenvolvimento.
Resolvido o problema da Descolonização, ainda faz sentido (cada vez mais, aliás) lutar por uma Democracia melhor e por um Desenvolvimento justo e sustentável.
Melhor Democracia pressupõe mais participação, mais verdade e ética; Desenvolvimento exige mais justiça e menos desigualdade social.
A melhor homenagem a quem sonhou e lutou para que o 25 de Abril fosse possível é continuar a trabalhar para a concretização dos seus ideais.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

CRISTO RESSUSCITADO

16 de Abril de 2009



Numa freguesia do concelho de Tomar, o pároco mandou substituir as imagens nas capelas e igreja. O que criou mais polémica entre os paroquianos foi a troca das representações de Cristo crucificado pelas de Cristo ressuscitado. Alegava o sacerdote: “a fé baseia-se na ressurreição, não acredito em Cristo morto”.
Decorridos alguns anos, houve consenso e hoje as imagens de Cristo crucificado e de Cristo ressuscitado coabitam no altar da igreja matriz da freguesia. Como então afirmou o Bispo de Santarém, “as duas representações se completam”.
A Igreja Católica sempre se apresentou mais ligada ao Cristo da cruz; daí a associação a uma religião triste, resignada e de sofrimento.
A ideia de que Cristo morreu pelos pecadores e o próprio conceito de pecado foi, e muitas vezes ainda é, predominante na educação católica, provocando sentimentos de culpa e medo.
A verdade é que Cristo morreu na cruz porque era um Homem que sempre agiu segundo a Sua vontade, porque foi revolucionário no seu tempo, com ideias subversivas relativamente aos poderes e costumes da época. Ao contrário de outros, não se refugiou no deserto: ficou e conviveu com o povo. A Sua mensagem nunca foi de medo, de angústia ou culpa. Foi morto, porque foi livre e porque ressuscitou é que O reconhecemos como Filho de Deus.
Daí que eu, como cristão, compreenda melhor a atitude daquele pároco ao preferir as imagens de Cristo Ressuscitado.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

DIA DO COMBATENTE

9 de Abril de 2009



Ainda há quem olhe para os ex-combatentes como responsáveis ou cúmplices das guerras em que foram obrigados a participar.
Tal sentimento gera revolta, particularmente naqueles que foram mobilizados para o então chamado ultramar português e também nas respectivas famílias que os esperavam angustiadas.
Pouco importa agora saber das convicções dos combatentes de então. Acredito que a esmagadora maioria não tinha sequer consciência das motivações de tais guerras: partiam porque a isso eram obrigados.
Fosse como fosse, combateram em obediência e defesa de valores da sua pátria e nunca por interesses individuais.
Só por isso merecem a compreensão e reconhecimento dos compatriotas e justificam que lhes seja prestada justiça.
Conheço e tenho notícia de muitos que perderam a vida, mas de muitos mais que, embora tenham sobrevivido, foram gravemente afectados tanto física como psicologicamente. É particularmente para estes e famílias que se exige seja feita justiça. O Estado não estará de boa consciência enquanto não o fizer.
As várias associações ou núcleos de combatentes que existem por todo o país, sendo úteis e necessárias para manter unidos e solidários os combatentes, não podem, nem têm por missão substituir-se à responsabilidade dos governos.

PS- Foi a 9 de Abril de 1918 que em França, na Batalha de La Lys, as tropas portuguesas sofreram o maior desastre, depois de Alcácer-Quibir: aí morreram mais de 7.500 homens. Já então Jaime Cortesão, médico nas trincheiras, denunciava: …pois se em Portugal não mandam reforços e nos esquecem…

quinta-feira, 2 de abril de 2009

MELHOR JUSTIÇA

2 de Abril de 2009



É cada vez mais frequente ouvir queixas e criticas acerca da morosidade dos tribunais. Processos, particularmente os que envolvem figuras mediáticas, arrastam-se anos e anos em audições e recursos.
Quando algum destes chega ao fim, muitos de nós já nem nos lembramos do que estava em causa quando tudo começou. Fácil é entender que, sempre que isto acontece, já se perdeu parte do efeito da justiça na opinião pública.
Os julgamentos, para além de fazerem justiça, têm que ser rápidos e transparentes.
Em Portugal há casos que demoram vinte e mais anos nos tribunais. Tal morosidade só pode interessar aos verdadeiros culpados e, eventualmente, a alguns advogados; para as vítimas e para o país é injusto e dispendioso.
Não colhe argumentar com a complexidade para justificar tamanha demora.
Nos Estados Unidos da América está a decorrer o processo relativo ao escândalo Madoff que, como sabemos, esteve na origem da presente crise financeira.
Apesar de envolver biliões de dólares e inúmeras instituições, decorridos três meses do seu inicio já se aponta para que o julgamento seja em Julho próximo; por cá, andamos há anos a ouvir falar do processo da Casa Pia; temos os casos de bancos e banqueiros e muitos outros, sem que se preveja desfechos para breve.
Sejam quais forem as razões pelas quais o sistema judicial em Portugal não funciona, a democracia não resiste ao seu descrédito.
Quando as pessoas deixam de acreditar na justiça, estão abertas as portas aos ajustes de contas directo e facilita-se a tentação de fazer justiça pelas próprias mãos. Sempre que isto acontece, voltamos à barbárie.
É urgente legislar para que tenhamos um sistema judicial expedito, acessível e justo.

quinta-feira, 26 de março de 2009

O cadastro e o registo

26 de Março de 2009



Em Junho de 2006, o Secretário de Estado do Ordenamento do Território anunciou, com grande urgência, que, ainda nesse ano (2006!), arrancaria o cadastro nacional.
Tive oportunidade de então manifestar satisfação, porque, entre muitas vantagens, isso facilitaria a implementação das Zonas de Intervenção Florestal.
Apesar de não se detectar nenhum desenvolvimento na nossa região, sempre confiei que o cadastro estivesse a decorrer algures pelo país. Ao ler pequena notícia do Expresso do passado 14 de Março, vi quanto estava enganado. Aí se diz que, em Abril (2009!), o Governo vai abrir concurso para o cadastro nacional, cujos trabalhos arrancarão até ao Verão. Afinal passaram-se três anos sem nada se avançar, e, pior, parece não haver pressa, já que só para 2016 se prevê que esteja concluído.
Actualmente não se sabe quem são os donos de mais de 20% do território!
Sendo esta a nossa realidade e sendo urgente fazer o ordenamento territorial, particularmente das áreas florestais, seria de esperar que o Governo desse prioridade a este assunto.
Indispensável é também que, na sequência do cadastro, se proceda aos registos nas conservatórias. Repito-me: a Governo deveria tomar medidas para que, dentro dum prazo limitado, todos pudessem registar gratuitamente as suas propriedades, pelo menos até um determinado valor matricial.
Acredito que será a melhor motivação para que os pequenos proprietários rústicos possam fazer o registo.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Pais, filhos e escola

19 de Março de 2009



Porque hoje é o Dia do Pai, lembrei-me destas três vertentes, fundamentais para uma sociedade melhor.
Os nossos filhos são seres únicos que devem ser ajudados e preparados para o futuro, tendo em conta as suas próprias características.
Os pais e a escola são essenciais neste processo educativo: complementam-se.
Há pais que delegam na escola toda a responsabilidade pela educação; ouve-se-lhes com frequência: não sei o que andas a fazer na escola.
Há professores que se queixam para os alunos: não tens educação nenhuma, não sei o que te ensinam em casa.
Enquanto uns e outros assim procedem, não há condições para uma boa educação.
Os jovens precisam de sentir coerência nos métodos e autoridade, seja por parte dos pais, seja dos professores. Para isso, pais e escola deverão manter um diálogo permanente.
Neste aspecto, cabe à escola a responsabilidade por criar mecanismos e condições que incentivem esta ligação. Uma boa escola tem também que se preocupar com ajudar os pais.
O sucesso da escola depende em grande medida do acompanhamento familiar.
Competindo à escola a iniciativa de estimular a relação com os pais, não podem estes desinteressar-se do acompanhamento escolar dos seus filhos.
O desenvolvimento integral dos jovens só é possível com o trabalho conjunto de pais e escola: rigoroso e coerente.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

O teatro e a fábrica

26 de Fevereiro de 2009



Era uma vez uma terra onde, na década de 50, um grupo de “teimosos e cabeçudos beirões” sonhou e concretizou “uma casa própria para teatro, cinema, palestras culturais e diversões”.
Apesar de ser edifício de referência arquitectónica nacional, deixaram-no degradar e mantêm-no em total abandono e inactividade desde há muitos anos.
Nessa mesma terra, havia também uma “fábrica da telha”, que foi ganha-pão para muitas famílias e com indiscutível interesse local. Apesar disso, a fábrica cessou há muito a actividade e o edifício está em lamentável estado de degradação.
Nessa terra, fala-se hoje muito da necessidade de requalificar estas duas referências. Então agora, quando já cheira a eleições, a coisa vai ser falada!
De acordo com as notícias, estão anunciados ou prometidos os respectivos concursos públicos.
Tendo em conta as verbas envolvidas, a crise e as muitas e variadas carências locais, bom seria que a Autarquia de Arganil (porque é desta terra que falo) ponderasse bem a prioridade destes dois investimentos.
Porque somos um concelho com poucos recursos e muitas necessidades, espera-se muito rigor e bom critério.
Tenho dúvidas que, sem comprometer a viabilidade financeira futura, possa a Autarquia concretizar estes dois projectos a curto prazo; assim, na minha opinião, seria desejável que fosse dada prioridade à adequada requalificação do Teatro Alves Coelho.
Receio que assim não seja e que o Teatro, mais uma vez, fique esquecido.
Seria oportuno saber o que pensam disto os candidatos à Câmara.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Responsabilidade social

19 de Fevereiro de 2009



Há gente que vive obcecada pelo lucro. Por ele tudo é organizado, previsto e feito. Nada a opor se ele for obtido com responsabilidade social. Infelizmente não é isso que acontece frequentemente: a pretexto da chamada economia de mercado, institui-se o lucro como único objectivo, esquecendo os valores de cidadania.
Dizem-nos que é preciso criar riqueza para a poder distribuir. Acontece é que alguns patrões apenas se preocupam em enriquecer e depressa; quando e logo que o conseguem, encerram e despedem sem qualquer tipo de escrúpulos, indiferentes aos problemas sociais que possam criar a quem os ajudou a enriquecer.
Empresários e trabalhadores são co-responsáveis e devem ser solidários no esforço para que as empresas sejam saudáveis e lucrativas.
Naturalmente, cabe ao empregador assegurar uma gestão responsável que possibilite, para além dos desejados lucros, uma retribuição justa e garanta trabalho. Faz parte da sua responsabilidade social.
Quando não o fazem é responsabilidade dum Estado preocupado com as questões sociais criar mecanismos para proteger os mais dependentes.
Deixar a economia à solta provoca injustiças e vem agravar a instabilidade social.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A água e as autarquias

5 de Fevereiro de 2009



Já uma vez aqui escrevi que as Autarquias não podem "lavar as mãos" e deixar a gestão das águas à responsabilidade das Comissões ou Ligas de Melhoramentos.
É assunto demasiado complexo para ficar a cargo de quem não tem meios para garantir a segurança e qualidade indispensáveis.
Compreendo a reacção das populações que tanto fizeram e fazem para garantir água com abundância às suas aldeias, no entanto, há que ter consciência de que estamos perante uma responsabilidade que não permite facilidades, seja no controlo, qualidade ou mesmo no consumo.
Para estes casos terão as Autarquias que encontrar formas de compensação, mas que nunca poderão significar cedências demagógicas que poderão ter graves consequências para a saúde pública.
Vamos tendo notícias de algumas direcções de associações regionalistas que, mais conscientes das obrigações inerentes à gestão das águas, se recusam a assumir esse ónus; algumas chegam mesmo a demitir-se.
Porque a escassez e qualidade da água obriga a uma gestão profissional e exigente, porque se trata dum serviço que tem a ver com a saúde humana, porque as Comissões de Melhoramentos não têm os meios e recursos adequados, devem ser as Autarquias a assumir sem ambiguidades esse encargo.
Receio que as associações que ainda insistem em serem elas a responsabilizarem-se pelo abastecimento de água, mais tarde ou mais cedo, venham a ser vítimas do seu voluntarismo.
Sendo certo que o abastecimento de água esteve na origem e fortaleceu muitas destas comissões ou ligas, perante as actuais realidades, é chegada a altura do movimento regionalista ter outras preocupações.