quinta-feira, 27 de maio de 2010

Arte de Bem Falar

27 de Maio de 2010


Já em finais do Séc.V os Gregos criticavam os chamados retóricos, porque “faziam parecer melhor o pior dos argumentos”, ou seja, utilizavam a sua facilidade de falar, abusavam de argumentos e sofismas inteligentes para enganar.
Eu acho que em Portugal, neste Séc.XXI, ainda sofremos deste mal.
Quase sempre, quando se abusa da retórica e de outros artifícios verbais é para esconder a verdade ou disfarçar incompetências.
Discursos e outras conversas são o que mais ouvimos de muitos dos nossos políticos e analistas; mas, pior do que isso, frequentemente, muitos dos que apenas se evidenciam pela retórica são detentores de cargos de grande responsabilidade. Governo, Assembleia e outros Órgãos públicos estão ocupados por muita gente cujo curriculum é feito exclusivamente de palavreado, comícios e muito oportunismo, sem qualquer obra ou trabalho feito: toda a sua carreira é conversa fiada.
Um exemplo bem actual é a frequência com que os políticos dizem e se desdizem, justificando sempre as suas contradições com bem articuladas arengas.
O que mais me surpreende é a indiferença da sociedade perante isto. Parecemos resignados ao desabafo “são todos a mesma coisa”.
Não tem que ser assim. É tempo de sermos exigentes: não basta falar bem, é preciso mostrar obra, valorizar mais as acções do que as palavras.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Poder Local

20 de Maio de 2010


Porque hoje se comemora o Dia da Autonomia do Poder Local, vem a propósito abordar algumas questões relacionadas.
O 25 de Abril de 1974,é sempre bom lembrá-lo, tornou possível a Democracia em Portugal.Com ela, o Poder Local foi a grande conquista e um forte contributo para a sua consolidação.
Reconheço, no entanto, que as expectativas relativas à sua prática ainda estão aquém do que seria desejável e necessário.
Na verdade, porque mais próximos das pessoas e da realidade, seria expectável que a vivência da Democracia nos Órgãos Autárquicos fosse diferente e melhor do que no Poder Central. Enquanto para este votamos quase sempre em representantes e programas que conhecemos mal, quando escolhemos Autarcas, temos mais possibilidades de os conhecer.
Em teoria é assim, no entanto e infelizmente, muitas vezes isso não acontece.
O mal começa logo quando os Partidos, muitas vezes apenas preocupados em ganhar mais uma Câmara, propõem nomes mais ou menos mediáticos, mas sem qualquer ligação ou conhecimento do Concelho; agrava-se sempre que factores ideológicos e partidários se sobrepõem às preocupações e necessidades das pessoas.
Porque o desenvolvimento sustentado do Concelho deve ser o primeiro objectivo de qualquer bom Autarca, exigem-se dos candidatos, além do necessário conhecimento das realidades locais, qualidades de gestão, coordenação, iniciativa e muito empenhamento.
Seria desejável que os partidos ou grupos de cidadãos, ao proporem os seus candidatos para a Autarquia, valorizassem mais o passado e obra dos propostos do que as promessas ou mediatismo.
Serei idealista, mas sou dos que acreditam e defendem que o Poder Local reúne boas condições para o exercício da Democracia Participativa, ou seja, um espaço onde os cidadãos, através das suas várias associações representativas, sejam chamados a participar: reforçaria a legitimidade e autonomia do Poder Local.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Solidariedade Global

13 de Maio de 2010


Três grandes flagelos afectaram a humanidade ao longo dos séculos: Fome, Epidemias e Guerras.
Porque tivemos a sorte de nascer e viver numa região do Globo onde, apesar de tudo, a inteligência dos homens domina ou minimiza estas calamidades, muitas vezes ficamos indiferentes ou resignamo-nos perante o sofrimento daqueles que ainda as suportam.
No entanto, temos todas as razões para nos inquietarmos.Mesmo que não fosse por solidariedade, a nossa segurança e tranquilidade já seriam motivos suficientes.
O desenvolvimento e justiça social dos povos mais atrasados e pobres devem ser preocupação dos países mais ricos.
Particularmente na Europa, são cada vez mais frequentes os relatos da chegada de emigrantes clandestinos nas condições mais desumanas e que aqui procuram a sobrevivência.
Se as principais vítimas são sempre os imigrantes, não é menos verdade que este “assalto”cria problemas e responsabilidades aos países procurados.
Quero com isto dizer que os problemas são comuns e ninguém lhes pode ficar indiferente.
Incompreensões, egoismos e preconceitos são factores explosivos que a todo o momento ameaçam a estabilidade mundial.
O fosso, cada vez maior, entre ricos e pobres acabará por desencadear reacções compreensíveis, mas perturbadoras.
Para bem da Humanidade é urgente praticar políticas justas de cooperação internacional que permitam a todos os povos viver sem fome, com acesso à saúde e sem guerras.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Aprender com a Crise

6 de Maio de 2010


No País, como nas famílias, quando se gasta mais do que se produz, ou se passa mal ou recorre-se ao crédito.
A situação agrava-se quando se entra na rampa de pedir empréstimos para pagar outros mais antigos: conduz ao abismo, ao desespero.
Duma ou outra forma, todos temos noção do que isto representa numa família.Pois com os Estados é a mesma coisa, sendo que as consequências são mais graves, na medida em que, afectando comunidades maiores e diversas, mais facilmente geram desordem e anarquia.
Vivemos uma situação de crescente défice, com simultâneo aumento de desemprego e queda na produtividade.As consequências poderão ser graves.No entanto, há soluções para minimizar os efeitos da presente crise e há sobretudo respostas alternativas que possibilitam uma vida mais sustentável.
Uma das primeiras coisas a fazer é ajustar o nível de vida à realidade e fazer de Portugal um país mais justo e equilibrado. Se há pessoas a viver no limite da sobrevivência, ainda há muita gente a gastar e a viver à tripa- forra e a quem tem que se exigir solidariedade.
A isto acresce a obrigatoriedade dos governantes darem prioridade a investimentos que criem emprego e produzam riqueza. Há muitos pequenos investimentos absolutamente necessários, que oferecem estas garantias. Incentivar a pequena agricultura, incluindo pecuária e artesanato, melhorar as acessibilidades, apoiar os sectores sociais e actividades culturais, são apenas alguns exemplos.
Mais justiça social, melhor aproveitamento dos nossos recursos naturais e uma real preocupação com os valores patrimoniais contribuirão para que Portugal se torne mais equitativo e menos dependente.