quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Pela Paz

31 de Dezembro de 2009


Não terá sido por acaso que o primeiro dia do ano foi escolhido como Dia Mundial da Paz.
É o principal sonho da Humanidade;sem ela os outros direitos dificilmente serão cumpridos.
Apesar disso,se olharmos para a história ao longo dos séculos,o que mais recordamos são narrações de guerras e conflitos. A História de Portugal que há uns anos nos ensinavam na escola primária era disso um exemplo:as intermináveis guerras com os Mouros,Castelhanos e sei lá quem mais.
Hoje as guerras são outras,mas nem por isso o mundo tem mais paz,muito pelo contrário.
Em muitas zonas do Globo,mas particularmente em África,Ásia e Médio Oriente ,há conflitos armados que ameaçam a estabilidade .Enquanto isso, perdura e agrava-se mesmo uma outra “guerra”que tem a ver com a pobreza e todas as suas consequências.Não teremos paz enquanto persistir a pobreza.
A paz alcança-se combatendo tudo aquilo que a ameaça.Onde há conflitos armados é imperioso que se fomente a tolerância e o diálogo,mas é sobretudo necessário que se combata a ganância subjacente aos negócios das guerras,tais como o comércio de armas.Enquanto se fabricarem e traficarem sem controlo não deixaremos de ter notícias de carnificinas;pede-se coragem aos governantes para decretarem o fim deste mortífero negócio.
Por outro lado, é preciso despertar as consciências para a situação absolutamente miserável em que sobrevive mais de um terço da humanidade.
Pela Paz temos que recusar as armas e a indiferença e optar pelo diálogo,bom senso e amor.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Espírito de Natal

24 de Dezembro de 2009


Nesta quadra,cristãos ou não,acabamos todos por ser sensibilizados por um clima muito especial.
É verdade que o Natal está cada vez mais comercial e,consequentemente, menos cristão.Tudo ao nosso redor nos atrai para as compras.Há gente para quem esta Festa é apenas pretexto para dar e receber prendas e ela será melhor ou pior consoante o valor dos presentes.
Porque o verdadeiro Natal nada tem a ver com isto, devemos contrariar este ambiente consumista.Efectivamente, festeja-se o nascimento de Jesus Cristo que nasceu pobre e cuja principal mensagem é o Amor.
Miguel Torga,no Natal de 1956 ,passado em Coja,à lareira do seu grande amigo Fernando Valle,denunciava:”Tanto lume aceso em todo o Portugal,e tanto frio nos corações!”.
É ainda ele que ,também no Natal,mas em 1959,reflecte:
“Presépio é qualquer berço
Onde a nudez do mundo tem calor
E o Amor
Recomeça”.
Que este dia seja motivo para reflexão sobre o verdadeiro espírito natalício que só pode ser consubstanciado através do Amor aos outros como a nós mesmos.
É com este sentimento que a todos desejo um Santo Natal.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Ambiente com Futuro

17 de Dezembro de 2009



Está a terminar em Copenhaga,capital da Dinamarca,a Conferência do Clima.Quando escrevo ainda não sei que conclusões de lá sairão,mas é absolutamente urgente que os países aí reunidos encontrem respostas para minimizar as alterações climáticas que estão a pôr em risco a sobrevivência da humanidade.
Com o aumento da população, a cada vez maior redução de solos aráveis,a escassez de água e o aumento da poluição, caminhamos para a catástrofe se não mudarmos de hábitos e não forem encontradas alternativas.As frequentes anomalias climáticas manifestadas por cheias,secas,furacões,incêndios e outras,são aviso sério.
É óbvio que as decisivas medidas têm que ser encontradas ao mais alto nível,já que são precisamente os grandes países,como a China,Estados Unidos da América,Rússia,India os que mais contribuem para a poluição.É de exigir e esperar que os respectivos governos sejam os primeiros a assumir as suas responsabilidades,adoptando medidas que reduzam os factores de poluição.Ainda assim,é responsabilidade de todos e cada um de nós cidadãos contribuir para um melhor futuro ambiental.
Muito por ignorância,mas também por comodismo ou desleixo,nem sempre a nossa prática diária corresponde à defesa do ambiente.A água que desperdiçamos,a electricidade que não poupamos,a utilização do automóvel particular em vez do transporte público,o pouco cuidado na recolha e selecção dos lixos ...são apenas alguns exemplos.
Atrevo-me a sugerir ,a quem ainda o não fez, uma acção concreta:Troquem já as lâmpadas incandescentes por lâmpadas economizadoras,tanto mais que a partir de 2012 aquelas serão banidas do mercado. Com esta simples medida poupar-se-á 80% de energia eléctrica.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Direitos Humanos

10 de Dezembro de 2009




Foi a 10 de Dezembro de 1948 que a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou a Declaração Universal dos Direitos do Homem.
São 30 artigos,todos importantes.No meu entender,se levado às últimas consequências,o Artª 1ºseria suficiente para significar os direitos do ser humano:Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.Dotados de razão e consciência,devem agir uns para com os outros em espirito de fraternidade.
Decorridos mais de 60 anos ,constatamos que os Direitos não só não são cumpridos,como são sistematicamente violados.
Memorizando todos os artigos da Carta,na minha opinião a principal causa da sua frequente violação é a situação de pobreza com que se confronta grande parte da humanidade (20% sobrevive com pouco mais de meio euro por dia). É impossível garantir direitos sociais,politicos,culturais ou outros a pessoas numa situação tão degradante.
Aceitando que todos nascemos “iguais em dignidade e direitos” e que devemos agir “uns para com os outros em espirito de fraternidade”, é urgente vencer o flagelo da pobreza se queremos praticar os Direitos Humanos.
Num inquérito recente concluiu-se que a luta contra a pobreza no mundo e em Portugal é a questão que mais preocupa os portugueses.Boa razão para incentivar o poder político a encarar a sério este problema.
Salvaguardando casos excepcionais,como o de muitos idosos e crianças ,não é com subsídios que se combate a pobreza.Pelo contrário,será criando condições de trabalho e remuneração justas.Não acredito no fim da crise enquanto o desemprego aumenta;nunca sairemos verdadeiramente dela enquanto persistirem as escandalosas desigualdades sociais.Não haverá recuperação económica sem que sejam respeitadas as necessidades das pessoas.Serão sempre violados os Direitos Humanos onde e quando houver pobreza.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Dia dos Deficientes

3 de Dezembro de 2009




Bom motivo de reflexão para todos,particularmente para quem não sofre deste tipo de limitações.No entanto, a melhor forma de comemorar este dia seria a concretização de algumas das muitas faltas que a sociedade mantém relativamente aos deficientes.
Sendo incontestável que todos temos os mesmos direitos,é necessário proporcionar meios para que os possamos exercer.Infelizmente não é isso que acontece com quem sofre de limitações.
Portugal ,à semelhança de muitos outros países,aprovou a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência,através da qual,entre outras,se reconhecem e promovem os direitos,se proíbe a discriminação e se responsabiliza toda a sociedade pela criação de condições que garantam esses direitos.Apesar de termos boa legislação,falta-nos sensibilidade e vontade política.Na Europa, somos dos países onde o deficiente sente muitas dificuldades e ainda é olhado como um “coitadinho”.
Há quase 15 anos li,comovido,o excelente livro-testemunho Para Além da Esperança de Maria Leonarda Tavares.Só a força,coragem e dignidade dos dois protagonistas tornou possível vencer as muitas barreiras,indiferenças e até hostilidades.Decorridos estes anos,permanecem muitas das situações aí denunciadas.
A jeito de homenagem aos heróis que,apesar das contrariedades,não se conformam,mas também como repto ao poder político,termino com um pequeno extracto do livro:
“No dia seguinte fomos até Londres de comboio.O Miguel ficou radiante quando verificou que estava numa cidade onde quase não havia barreiras arquitectónicas.Em todos os edifícios públicos havia sempre rampas e elevadores espaçosos.Viam-se por todo o lado símbolos de cadeiras de rodas.Andámos pela cidade e o Miguel pôde acompanhar-me sempre,entrando nas lojas,visitando museus e galerias de arte.Encontrámos frequentemente casas de banho destinadas a paraplégicos.
Na viagem de regresso a Wendover o Miguel disse-me:
-Os deficientes deste país são uns senhores.Quando é que nós vamos conseguir isto tudo em Portugal? “.
Foi há quase 35 anos...como estamos hoje?