quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

O teatro e a fábrica

26 de Fevereiro de 2009



Era uma vez uma terra onde, na década de 50, um grupo de “teimosos e cabeçudos beirões” sonhou e concretizou “uma casa própria para teatro, cinema, palestras culturais e diversões”.
Apesar de ser edifício de referência arquitectónica nacional, deixaram-no degradar e mantêm-no em total abandono e inactividade desde há muitos anos.
Nessa mesma terra, havia também uma “fábrica da telha”, que foi ganha-pão para muitas famílias e com indiscutível interesse local. Apesar disso, a fábrica cessou há muito a actividade e o edifício está em lamentável estado de degradação.
Nessa terra, fala-se hoje muito da necessidade de requalificar estas duas referências. Então agora, quando já cheira a eleições, a coisa vai ser falada!
De acordo com as notícias, estão anunciados ou prometidos os respectivos concursos públicos.
Tendo em conta as verbas envolvidas, a crise e as muitas e variadas carências locais, bom seria que a Autarquia de Arganil (porque é desta terra que falo) ponderasse bem a prioridade destes dois investimentos.
Porque somos um concelho com poucos recursos e muitas necessidades, espera-se muito rigor e bom critério.
Tenho dúvidas que, sem comprometer a viabilidade financeira futura, possa a Autarquia concretizar estes dois projectos a curto prazo; assim, na minha opinião, seria desejável que fosse dada prioridade à adequada requalificação do Teatro Alves Coelho.
Receio que assim não seja e que o Teatro, mais uma vez, fique esquecido.
Seria oportuno saber o que pensam disto os candidatos à Câmara.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Responsabilidade social

19 de Fevereiro de 2009



Há gente que vive obcecada pelo lucro. Por ele tudo é organizado, previsto e feito. Nada a opor se ele for obtido com responsabilidade social. Infelizmente não é isso que acontece frequentemente: a pretexto da chamada economia de mercado, institui-se o lucro como único objectivo, esquecendo os valores de cidadania.
Dizem-nos que é preciso criar riqueza para a poder distribuir. Acontece é que alguns patrões apenas se preocupam em enriquecer e depressa; quando e logo que o conseguem, encerram e despedem sem qualquer tipo de escrúpulos, indiferentes aos problemas sociais que possam criar a quem os ajudou a enriquecer.
Empresários e trabalhadores são co-responsáveis e devem ser solidários no esforço para que as empresas sejam saudáveis e lucrativas.
Naturalmente, cabe ao empregador assegurar uma gestão responsável que possibilite, para além dos desejados lucros, uma retribuição justa e garanta trabalho. Faz parte da sua responsabilidade social.
Quando não o fazem é responsabilidade dum Estado preocupado com as questões sociais criar mecanismos para proteger os mais dependentes.
Deixar a economia à solta provoca injustiças e vem agravar a instabilidade social.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A água e as autarquias

5 de Fevereiro de 2009



Já uma vez aqui escrevi que as Autarquias não podem "lavar as mãos" e deixar a gestão das águas à responsabilidade das Comissões ou Ligas de Melhoramentos.
É assunto demasiado complexo para ficar a cargo de quem não tem meios para garantir a segurança e qualidade indispensáveis.
Compreendo a reacção das populações que tanto fizeram e fazem para garantir água com abundância às suas aldeias, no entanto, há que ter consciência de que estamos perante uma responsabilidade que não permite facilidades, seja no controlo, qualidade ou mesmo no consumo.
Para estes casos terão as Autarquias que encontrar formas de compensação, mas que nunca poderão significar cedências demagógicas que poderão ter graves consequências para a saúde pública.
Vamos tendo notícias de algumas direcções de associações regionalistas que, mais conscientes das obrigações inerentes à gestão das águas, se recusam a assumir esse ónus; algumas chegam mesmo a demitir-se.
Porque a escassez e qualidade da água obriga a uma gestão profissional e exigente, porque se trata dum serviço que tem a ver com a saúde humana, porque as Comissões de Melhoramentos não têm os meios e recursos adequados, devem ser as Autarquias a assumir sem ambiguidades esse encargo.
Receio que as associações que ainda insistem em serem elas a responsabilizarem-se pelo abastecimento de água, mais tarde ou mais cedo, venham a ser vítimas do seu voluntarismo.
Sendo certo que o abastecimento de água esteve na origem e fortaleceu muitas destas comissões ou ligas, perante as actuais realidades, é chegada a altura do movimento regionalista ter outras preocupações.