segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Grão a Grão...

27 de Setembro de 2010


Ouve-se com frequência, de gente com responsabilidades, que determinados cortes nas despesas deste ou aquele sector público não são relevantes, já que pouco representariam no combate ao défice. Alegam eles que isso só é possível com profundas e grandes alterações.
Não ignoro que são necessárias medidas estruturais, mas desconfio que a argumentação de quem minimiza ou ridiculariza as pequenas poupanças, revela receio de que lhes possam mexer nos seus privilégios pessoais.
Grão a grão enche a galinha o papo, diz o povo com razão. Pois também a soma das pequenas poupanças acabará por ter grande influência no combate ao défice; mas, mesmo que insuficiente, só o facto de se moralizarem gastos luxuosos de uns tantos (utilização de viaturas do Estado, cartões de crédito e muitos outros privilégios de que apenas suspeitamos) será uma medida exemplar absolutamente necessária, particularmente numa altura em que estão a ser pedidos sacrifícios a quem já pouco pode dar.
Reconheço que a situação está difícil, mas precisamente por isso é que o Governo, este ou outro, deve ser rigoroso e justo na exigência dos esforços pedidos aos cidadãos.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Ainda a Fome

22 de Setembro de 2010


Não é a primeira, nem será a última vez que escrevo sobre este flagelo da humanidade.
Ainda que muitos de nós não soframos esta tragédia, de modo algum nos podemos resignar comodamente com a fome dos outros.
Há 10 anos foi aceite por 189 Estados membros da ONU que até 2010 seria erradicada a pobreza e a fome.
A realidade é cruel: de acordo com estimativas reveladas já este mês, morre uma criança em cada seis segundos por problemas de subnutrição; ainda existem 925 milhões de pessoas a sofrer de fome crónica; a maioria dos subalimentados sobrevive com pouco mais de 50 cêntimos por dia!
E não se pense que isto acontece apenas na Etiópia, Índia, Paquistão ou outros países normalmente referidos e onde na realidade este flagelo é mais gritante. Nos chamados países desenvolvidos há ainda mais de 19 milhões de pessoas subnutridas.
Mais que as declarações de boas intenções, exige-se dos países, coordenados pela ONU, medidas concretas, corajosas e verdadeiramente solidárias.
Sabe-se que países e investidores poderosos estão a comprar ou alugar solos agrícolas em países menos desenvolvidos para garantirem a sua própria segurança alimentar. Acontece que estes negócios estão a ser feitos com total desprezo pelas populações locais, chegando mesmo ao ponto de as expulsar e privar dos seus já escassos recursos.
Não é assim que se combate a pobreza e se acaba com a fome; pelo contrário, agrava-se a situação dos já desfavorecidos.
Sendo este um problema global, exige uma nova ordem mundial solidária.
Só assim poderemos alcançar estabilidade social.


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Para Bem das Crianças

13 de Setembro de 2010


A baixa natalidade e o despovoamento têm levado ao fecho de muitas escolas.
É compreensível o desagrado das populações afectadas.
No entanto, perante a realidade e tendo como primeira preocupação o interesse das crianças, o reordenamento escolar não só se justifica como é uma exigência.
Não é possível implementar em escolas com muito poucos alunos os meios e métodos pedagógicos a que todas as crianças têm direito e que devemos exigir para todas as escolas em actividade.
No contexto actual, mais do que manter lutas quixotescas ou bairristas, que apenas prejudicam as crianças, importa exigir aos governantes que se empenhem em garantir as melhores condições de educação a todas as crianças por igual.
O despovoamento combate-se com políticas de desenvolvimento sustentável que permitam a permanência e atraiam pessoas a regiões até agora esquecidas e desprezadas, nunca à custa das crianças.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Cultura

9 de Setembro de 2010


A pensar apenas no sucesso económico arriscamos o futuro.
Preocupados com o bem-estar material esquecemo-nos de outras faculdades que são a essência do ser humano. Destas, pretendo destacar os valores culturais.
Não somos meras máquinas, ainda que qualificadas, orientados por uma lógica utilitarista. Pelo contrário, somos dotados de faculdades emotivas que permitem fazer de nós cidadãos comprometidos.
Dizia Sócrates, o filósofo:”Uma vida que não se questiona não vale a pena ser vivida”.
É preciso que às questões económicas se sobreponha este ideal socrático.
A sensibilização, ensino e prática da cultura, são essenciais para formar e manter cidadãos informados e independentes. Quem despreza ou minimiza a cultura não quer, porque teme, cidadãos com capacidade crítica.
Em Portugal, a cultura sempre foi marginalizada.Agora, a pretexto da crise, ainda o é mais.
A verdade é que, enquanto não se considerar este valor como um bem essencial, seremos sempre um país subdesenvolvido.

domingo, 5 de setembro de 2010

Abandono

5 de Setembro de 2010


Foi notícia que, em pleno centro de Paris, foi encontrado o cadáver dum português morto já há dois anos.
Há semanas, o semanário Expresso informava que “os cadáveres não reclamados em Lisboa são cada vez mais de idosos que morrem sós. Ficam meses na morgue até a que a Misericórdia os sepulte”.
Que mundo é este?
A par de campanhas de solidariedade com notoriedade mediática, persistem tragédias surdas de isolamento e abandono; seguramente associadas à pobreza, mas sobretudo à indiferença e egoísmo da sociedade.
É nos grandes centros que esta realidade é mais frequente.
Felizmente, ainda é possível confirmar hoje o que Miguel Torga dizia em 1958, a propósito duma sua passagem pelo Salgueiral, aldeia do concelho de Arganil:”são muito pobres estas nossas aldeias sertanejas…Mas gozam dum bem que nenhuma riqueza compra: a de serem imunes à solidão. Apesar de viverem desterradas do mundo, e fazerem parte de uma pátria de desterrados, dentro dos seus muros reina o convívio.”
As aldeias vão ficando cada vez mais despovoadas, mas, uma coisa é segura: aqui, ainda ninguém morre abandonado

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Visionário

30 de Agosto de 2010


Pessoa excêntrica, extravagante ou quimérica, mas também sonhadora ou utópica. É nesta última condição que vou tentando exteriorizar algo do que penso e desejo.
Bem sei que os tempos não são propícios a utopias, muito ao contrário. No entanto, talvez por isso mesmo, seja preciso sonhar.
Na verdade, perante tantos e tão graves problemas, e com tanta falta de vontade e incompetência, há quem, ainda e só, espere por um milagre. E milagres, como sabemos, pertencem ao sobrenatural.
Resta-nos pois sonhar: que os cidadãos, organizados mas não manipulados, assumam as respectivas responsabilidades e sejam realmente exigentes nas escolhas e na permanente avaliação de quem elegem.
Este é seguramente um sonho realizável.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

OS QUEIXINHAS

23 de Agosto de 2010


Desconfio daqueles que, no exercício das suas responsabilidades, passam o tempo a justificarem-se e a queixarem-se de quem os antecedeu no lugar.
Se isto é verdade para todas as situações, mais grave se torna quando falamos de políticos eleitos e nomeados para exercer cargos públicos.
Revela incapacidade, oportunismo: falta de carácter, afinal.
As campanhas eleitorais são o tempo oportuno para esclarecer as pessoas do que se deve e pode fazer.Os eleitores escolhem, de entre os vários programas, o que julgam mais de acordo com os seus anseios. Acreditam nas promessas, no pressuposto de que, quem as faz conhece e sabe do que fala.
Os choradinhos justificativos no decorrer dos mandatos apenas servem para disfarçar incompetências. Reconhecidas estas, resta-nos escolher melhor, quando for o caso.


terça-feira, 17 de agosto de 2010

Portugal é Fixe

17 de Agosto de 2010


Um inquérito recente indicava que se Portugal fosse uma marca, a maioria dos portugueses não a compraria. Tanto pessimismo dá para pensar, porque, na minha maneira de ver, nada o justifica.
Poucos países terão tantas razões para se orgulharem da sua história como Portugal.
O conhecido historiador britânico Timoty Ash, realçando a importância dos países pequenos na Comunidade Europeia, referia-se a Portugal dizendo:”Uma vantagem é ter um grande passado. Mais importante, o momento de Portugal como potência mundial deixou 220 milhões de pessoas de todo o mundo a falar português. São mais do que as que falam francês como primeira língua”.
Nada melhor do que conhecer a nossa História não só para compreender o presente, mas sobretudo para nos estimular a lutar por melhor futuro.
Basta de choradeiras miserabilistas, discursos patrioteiros e saudosistas. O futuro constrói-se dia- a- dia, com vontade e orgulho. Ser exigente para com o país pressupõe que o sejamos connosco, no contributo que todos devemos dar para uma cidadania melhor.
Gostar de Portugal demonstra-se também ao preferir produtos nacionais quando eles são na verdade bons. Fabricamos os melhores têxteis, o melhor calçado; produzimos dos melhores vinhos, o melhor azeite; orgulhamo-nos de ser o terceiro país do mundo com a mais baixa taxa de mortalidade infantil.
Se não forem os portugueses a acreditar e a querer um futuro melhor para o seu país, seguramente ninguém o fará por nós.


sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Migrantes

13 de Agosto de 2010


A partir do séc. XV, com os Descobrimentos, muitos portugueses procuraram noutras paragens melhores condições de vida: a maioria por necessidade, outros à aventura.
Até aos anos 20 do século passado o Brasil era o primeiro destino. Nos anos 60, as condições sociopolíticas no país desencadearam um surto de emigração clandestina para a Europa, particularmente para França.
Até há poucos anos fomos um país exclusivamente de emigrantes. No entanto, após a consolidação da democracia e sobretudo com a entrada na UE, Portugal passou a ser procurado por imigrantes vindos de África, Brasil e países do Leste.
Porque temos uma forte migração, é fundamental que tenhamos uma boa política nesta matéria.
Contrariando muitos que alimentam preconceitos xenófobos contra os imigrantes, deve dizer-se com clareza que Portugal precisa deles.
Não houvesse outras razões (e há), isto será motivo suficiente para que Governos e Sociedade estimulem a sua legalização e se criem condições para salutar integração de quem aqui quer viver e trabalhar.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O Cadastro e os Incêndios

12 de Agosto de 2010


Em Junho de 2006, o Secretário de Estado do Ordenamento do Território anunciou, com grande urgência, que, ainda nesse ano (2006!), arrancaria o cadastro nacional.
Tive oportunidade de então manifestar satisfação, porque, entre muitas vantagens, isso facilitaria a implementação das Zonas de Intervenção Florestal.
Apesar de não se detectar nenhum desenvolvimento na nossa região, sempre confiei que o cadastro estivesse a decorrer algures no país. Passados mais de quatro anos, não há notícias de qualquer avanço neste processo.
Actualmente não se sabe quem são os donos de mais de 20% do território!
Sendo esta a nossa realidade e sendo urgente fazer o ordenamento territorial, particularmente das áreas florestais, seria de esperar que o Governo desse prioridade a este assunto.
Indispensável é também que, na sequência do cadastro, se proceda aos registos nas conservatórias. A Governo deve estimular medidas para que, num prazo razoável e limitado a determinados valores, esse acto possa ser feito sem custas.
Acredito que será a uma boa motivação para que os pequenos proprietários rústicos possam fazer o registo.
Numa altura em que o país se consome na luta contra os incêndios, vem a propósito lembrar que este combate não poderá ser eficaz sem a concretização destas medidas.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Boas Notícias

26 de Julho de 2010


São cada vez mais frequentes as notícias de que os trabalhadores chineses, finalmente, começam a contestar as suas péssimas condições de trabalho, recorrendo mesmo a paralisações em algumas multinacionais.
São bons sinais: revelam que têm consciência dos seus direitos e que estão dispostos a lutar por eles; por outro lado, pode ser um factor dissuasor para aqueles que apenas procuram o lucro, ainda que à custa da exploração do ser humano.
Mesmo que tenhamos que pagar mais por alguns produtos que nos chegam de países onde reina a exploração, para garantia da estabilidade social no mundo, devemos ficar contentes e ser solidários com a luta por um trabalho digno e justamente remunerado.

terça-feira, 13 de julho de 2010

O Destino e a Vontade

13 de Julho de 2010


Na mitologia, Destino era uma divindade que preestabelecia a sorte dos mortais; era tal o seu poder, que todos os outros deuses lhe eram subordinados.
Causa-me estranheza que ainda hoje haja quem pense e proceda de acordo com esta crença fatídica.”Ninguém escapa ao seu destino”, ouve-se com alguma frequência.
Por oposição, há quem perfilhe a ideia de que “tudo é possível, basta querer”.
Não concordo nem com uns, nem com os outros : não só não temos a sorte predeterminada, como também muitas vezes não basta querer para poder fazer.
Se não podemos alterar muitas das circunstâncias da nossa vida (os pais que tivemos, o local onde nascemos e fomos criados, a família que nos calhou…), nem por isso deixamos de ser responsáveis por melhorar o meio de que fazemos parte.
Somos dotados de inteligência e vontade e é com estes instrumentos que devemos fazer o nosso caminho.
Assumindo o nosso passado, apesar dos erros, mas sempre com o objectivo de melhorar. Nada pior do que querer apagar ou branquear o que ficou para trás, como se isso fosse possível.
Em vez disso, há que assumi-lo e corrigir se necessário; ninguém pode emendar aquilo que não aceita.
Conscientes dos nossos limites, com inteligência e vontade, devemos ter como ambição deixar um mundo melhor do que encontrámos. Quem se resigna ao fatalismo, com as eternas desculpas do destino traçado, abdica de ser pessoa livre e interessada.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Portugal Profundo (1)

8 de Julho de 2010


Apesar de todos os avanços tecnológicos, particularmente na área das telecomunicações, ainda persistem em Portugal situações comparáveis a realidades do chamado Terceiro Mundo: temos muitos locais onde, apesar de avultados gastos em antenas individuais, as pessoas não têm acesso com o mínimo de qualidade ao sinal aberto de televisão; há muitas zonas privadas de rede de telemóvel; há povoações que frequentemente ficam sem telefone, por períodos longos, sem qualquer explicação.
Um exemplo vivido: numa aldeia do concelho de Arganil (PISÃO), apesar de anos e anos de reclamações, não restou outra alternativa aos moradores (e ainda são algumas dezenas) que não fosse o organizarem-se e custearem, eles próprios, a montagem duma antena colectiva, em local próximo e de melhor captação, bem como as respectivas ligações às casas.
O sistema de recurso lá foi remediando, com muita manutenção, mas, como tudo na vida, chegou a um ponto em que deixou mesmo de servir.
Privados de ver qualquer canal, a alternativa para os moradores é a contratação de serviços de satélite. É ver os senhores da ZON e MEO a aproveitarem-se…
Pessoas de escassos recursos são agora obrigadas a desembolsar uma mensalidade, para não ficarem privados dum bem a que têm direito e para o qual, afinal, têm obrigatoriamente que pagar (taxa de áudio visual).
Haja respeito!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Idade de Reforma

5 de Julho de 2010


É notícia de hoje: a UE quer aumentar a idade de reforma! Dizem ser a única forma de garantir as despesas com o sistema de pensões.
Não me conformo.
A ser assim, ainda nos arriscamos, um dia, a ter que trabalhar (e descontar) até morrer, enquanto, ao nosso lado, sobrevive toda uma nova geração sem trabalho.
Há outras e melhores respostas seguramente:
Uma delas, face ao desenvolvimento tecnológico que vem substituindo a tradicional mão-de-obra, passa por criar uma taxa que recaia sobre a riqueza produzida, compensando a que incide sobre os salários.
Outra obrigaria a rever políticas de emigração, incentivar e apoiar a natalidade e, particularmente, dar a maior prioridade à criação de novas oportunidades de emprego aos jovens.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A Quem Interessar

21 de Junho de 2010


Este espaço foi criado para “guardar” as crónicas que, semanalmente, iam saindo no Jornal de Arganil.
Tendo decidido fazer Pausa nessa colaboração, vou estar por aqui De Vez Em Quando para partilhar o meu Ponto de Vista acerca de algumas circunstâncias que nos envolvem e outras com que me quero e devo comprometer.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Pausa Activa

3 de Junho de 2010


A democracia começou na Grécia Antiga com debates públicos, onde os cidadãos de todas as classes sociais discutiam assuntos de interesse comum.
Hoje, em Portugal, uma das fragilidades do sistema democrático é a fraca participação dos cidadãos, seja a nível do Estado, seja na intervenção local. Parece que estamos conformados com o voto nos actos eleitorais.
Aliás, muitos dos nossos políticos parecem pouco interessados em estimular ou apoiar iniciativas quando não as controlam; só se lembram da sociedade civil quando precisam dos votos.
A verdade é que, para além dos indispensáveis partidos políticos, a democracia exerce-se com criatividade e participação dos cidadãos, isoladamente ou organizados, na defesa de causas comuns que lhes digam respeito.
A qualidade da democracia, a legitimidade e poder dos governos serão tanto melhores quanto mais ouvida e respeitada for a voz dos cidadãos.
É neste contexto, e aproveitando a disponibilidade do Jornal de Arganil, que se enquadram estas minhas crónicas. Depois duma primeira fase, nos anos de 76 e 77,retomei-as em 2005 e, desde então sem interrupção, até hoje.
É tempo de fazer uma pausa e dar descanso aos leitores.
A jeito de despedida, reforço a tónica que sempre me tem motivado:
Vigilantes e activos no combate contra a Indiferença.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Arte de Bem Falar

27 de Maio de 2010


Já em finais do Séc.V os Gregos criticavam os chamados retóricos, porque “faziam parecer melhor o pior dos argumentos”, ou seja, utilizavam a sua facilidade de falar, abusavam de argumentos e sofismas inteligentes para enganar.
Eu acho que em Portugal, neste Séc.XXI, ainda sofremos deste mal.
Quase sempre, quando se abusa da retórica e de outros artifícios verbais é para esconder a verdade ou disfarçar incompetências.
Discursos e outras conversas são o que mais ouvimos de muitos dos nossos políticos e analistas; mas, pior do que isso, frequentemente, muitos dos que apenas se evidenciam pela retórica são detentores de cargos de grande responsabilidade. Governo, Assembleia e outros Órgãos públicos estão ocupados por muita gente cujo curriculum é feito exclusivamente de palavreado, comícios e muito oportunismo, sem qualquer obra ou trabalho feito: toda a sua carreira é conversa fiada.
Um exemplo bem actual é a frequência com que os políticos dizem e se desdizem, justificando sempre as suas contradições com bem articuladas arengas.
O que mais me surpreende é a indiferença da sociedade perante isto. Parecemos resignados ao desabafo “são todos a mesma coisa”.
Não tem que ser assim. É tempo de sermos exigentes: não basta falar bem, é preciso mostrar obra, valorizar mais as acções do que as palavras.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Poder Local

20 de Maio de 2010


Porque hoje se comemora o Dia da Autonomia do Poder Local, vem a propósito abordar algumas questões relacionadas.
O 25 de Abril de 1974,é sempre bom lembrá-lo, tornou possível a Democracia em Portugal.Com ela, o Poder Local foi a grande conquista e um forte contributo para a sua consolidação.
Reconheço, no entanto, que as expectativas relativas à sua prática ainda estão aquém do que seria desejável e necessário.
Na verdade, porque mais próximos das pessoas e da realidade, seria expectável que a vivência da Democracia nos Órgãos Autárquicos fosse diferente e melhor do que no Poder Central. Enquanto para este votamos quase sempre em representantes e programas que conhecemos mal, quando escolhemos Autarcas, temos mais possibilidades de os conhecer.
Em teoria é assim, no entanto e infelizmente, muitas vezes isso não acontece.
O mal começa logo quando os Partidos, muitas vezes apenas preocupados em ganhar mais uma Câmara, propõem nomes mais ou menos mediáticos, mas sem qualquer ligação ou conhecimento do Concelho; agrava-se sempre que factores ideológicos e partidários se sobrepõem às preocupações e necessidades das pessoas.
Porque o desenvolvimento sustentado do Concelho deve ser o primeiro objectivo de qualquer bom Autarca, exigem-se dos candidatos, além do necessário conhecimento das realidades locais, qualidades de gestão, coordenação, iniciativa e muito empenhamento.
Seria desejável que os partidos ou grupos de cidadãos, ao proporem os seus candidatos para a Autarquia, valorizassem mais o passado e obra dos propostos do que as promessas ou mediatismo.
Serei idealista, mas sou dos que acreditam e defendem que o Poder Local reúne boas condições para o exercício da Democracia Participativa, ou seja, um espaço onde os cidadãos, através das suas várias associações representativas, sejam chamados a participar: reforçaria a legitimidade e autonomia do Poder Local.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Solidariedade Global

13 de Maio de 2010


Três grandes flagelos afectaram a humanidade ao longo dos séculos: Fome, Epidemias e Guerras.
Porque tivemos a sorte de nascer e viver numa região do Globo onde, apesar de tudo, a inteligência dos homens domina ou minimiza estas calamidades, muitas vezes ficamos indiferentes ou resignamo-nos perante o sofrimento daqueles que ainda as suportam.
No entanto, temos todas as razões para nos inquietarmos.Mesmo que não fosse por solidariedade, a nossa segurança e tranquilidade já seriam motivos suficientes.
O desenvolvimento e justiça social dos povos mais atrasados e pobres devem ser preocupação dos países mais ricos.
Particularmente na Europa, são cada vez mais frequentes os relatos da chegada de emigrantes clandestinos nas condições mais desumanas e que aqui procuram a sobrevivência.
Se as principais vítimas são sempre os imigrantes, não é menos verdade que este “assalto”cria problemas e responsabilidades aos países procurados.
Quero com isto dizer que os problemas são comuns e ninguém lhes pode ficar indiferente.
Incompreensões, egoismos e preconceitos são factores explosivos que a todo o momento ameaçam a estabilidade mundial.
O fosso, cada vez maior, entre ricos e pobres acabará por desencadear reacções compreensíveis, mas perturbadoras.
Para bem da Humanidade é urgente praticar políticas justas de cooperação internacional que permitam a todos os povos viver sem fome, com acesso à saúde e sem guerras.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Aprender com a Crise

6 de Maio de 2010


No País, como nas famílias, quando se gasta mais do que se produz, ou se passa mal ou recorre-se ao crédito.
A situação agrava-se quando se entra na rampa de pedir empréstimos para pagar outros mais antigos: conduz ao abismo, ao desespero.
Duma ou outra forma, todos temos noção do que isto representa numa família.Pois com os Estados é a mesma coisa, sendo que as consequências são mais graves, na medida em que, afectando comunidades maiores e diversas, mais facilmente geram desordem e anarquia.
Vivemos uma situação de crescente défice, com simultâneo aumento de desemprego e queda na produtividade.As consequências poderão ser graves.No entanto, há soluções para minimizar os efeitos da presente crise e há sobretudo respostas alternativas que possibilitam uma vida mais sustentável.
Uma das primeiras coisas a fazer é ajustar o nível de vida à realidade e fazer de Portugal um país mais justo e equilibrado. Se há pessoas a viver no limite da sobrevivência, ainda há muita gente a gastar e a viver à tripa- forra e a quem tem que se exigir solidariedade.
A isto acresce a obrigatoriedade dos governantes darem prioridade a investimentos que criem emprego e produzam riqueza. Há muitos pequenos investimentos absolutamente necessários, que oferecem estas garantias. Incentivar a pequena agricultura, incluindo pecuária e artesanato, melhorar as acessibilidades, apoiar os sectores sociais e actividades culturais, são apenas alguns exemplos.
Mais justiça social, melhor aproveitamento dos nossos recursos naturais e uma real preocupação com os valores patrimoniais contribuirão para que Portugal se torne mais equitativo e menos dependente.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Impostos

29 de Abril de 2010


Criar ou aumentar impostos é a solução mais imediata e fácil a que muitos governantes recorrem sempre que surgem dificuldades financeiras.
Seria desejável que as crises estimulassem melhores respostas.
Infelizmente, e mais uma vez, não é isso que acontece.
A maioria dos portugueses contribuintes, sente-se injustiçada. Além de muitas vezes os impostos não serem ajustados aos reais rendimentos, de não serem controlados (ainda há muita gente a fugir), os pagantes sentem-se frustrados pelo mau uso dos seus impostos.
Para justificar a carga fiscal dos Portugueses, ouve-se dizer muitas vezes que há países onde se paga muito mais. É verdade: acontece em países mais ricos e desenvolvidos, particularmente os nórdicos. A diferença é que, para além de nesses países existir uma política fiscal mais equitativa, Suecos e Finlandeses, por exemplo, beneficiam de bons sistemas de saúde e educação e têm a garantia duma segurança social digna.
Infelizmente os Portugueses não podem dizer o mesmo. Daí que se compreenda um sentimento de revolta e frustração perante os impostos.
A legitimidade dum qualquer governo para cobrar impostos é proporcional à justiça com que o faz e os redistribui.
Enquanto os governantes não demonstrarem vontade política para criar um sistema fiscal equitativo, os contribuintes têm todas as razões para se sentirem injustiçados e enganados.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A Água é Bem Comum

22 de Abril de 2010


Pela complexidade que a envolve, já aqui defendi as Autarquias não podiam “lavar as mãos”e deixar a gestão das águas à responsabilidade de Comissões ou Ligas de Melhoramento, como ainda acontece em alguns concelhos da nossa região.Reafirmo-o, cada vez com mais convicção.
Porque falamos dum bem essencial mas escasso, o Estado tem a obrigação de garantir a sua gestão com o maior rigor.
Hoje pretendo abordar esta questão por outra vertente.
Já a lei romana, 500 anos antes de Cristo, estabelecia:”pelas leis da natureza, estas coisas são comuns a toda a humanidade: o ar, a água, o mar e consequentemente a beira-mar”.
Há quem defenda, e parece ser aceite pelos nossos partidos maioritários, que a empresa pública Águas de Portugal deve abrir-se à Bolsa, e, por consequência, poder ser entregue a interesses privados.
É óbvio que as empresas privadas têm como objectivo os lucros.Por isso mesmo, quando falamos de bens essenciais para todos não podemos aceitar que a sua gestão fique condicionada pelos ganhos.
A Água é indispensável para a sobrevivência da humanidade.A sua gestão não pode ser entregue a privados; sendo-o, corre-se o risco de sacrificar a preservação, qualidade, distribuição e custos à lógica do mercado.
Aliás, há um exemplo recente bem esclarecedor: A Câmara de Paris, uma das primeiras, há muitos anos, a entregar a gestão das águas a empresas privadas, está já a remunicipalizar este serviço, porque quer melhor gestão e, sobretudo, melhor qualidade, com custos controlados e estáveis.Os constantes aumentos têm criado grandes problemas sociais.
Há estudos em França que revelam que a água gerida por privados é 33% mais cara.
Em Portugal, sempre atrasados, mas sem aprender, há quem queira cometer os erros que outros já estão a corrigir.
Concluo: a Água, porque é o principal bem comum da humanidade, só pode ser gerida numa perspectiva de serviço público.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

A Propósito Dum Bom Livro

15 de Abril de 2010


Interessado pelas causas do Regionalismo e escrevendo num Jornal que se orgulha de ser o Semanário da Região, não poderia deixar de me referir ao trabalho de Maria Beatriz Rocha-Trindade “A Serra e a Cidade -O Triângulo Dourado do Regionalismo”, prefaciado por João Alves das Neves. Publicado já em finais do ano passado, só agora tive oportunidade de o ler.
Quem acompanha o movimento regionalista, particularmente nos concelhos de Arganil, Góis e Pampilhosa da Serra, deve conhecer esta obra.
Não cabe aqui uma análise, ainda que resumida; isso é feito, e muito bem, por João Alves das Neves.
Refere a autora que o livro traduz “um empenhado interesse pelas Gentes da Serra”.O facto de não ter origens na região (é Algarvia), tem a vantagem de nos apresentar um trabalho académico desapaixonado e objectivo, despido da natural emotividade de quem vive por dentro o regionalismo.
Acompanhando com curiosidade e orgulho a saga dos regionalistas ao longo de tantos anos, interessou-me particularmente a “reflexão prospectiva sobre o futuro do Regionalismo”.
Se os números relativos ao despovoamento são muito preocupantes, a forma como as pessoas, ainda que fisicamente afastadas, se têm sabido organizar e manter solidárias na defesa das suas terras, deixa-nos acreditar que o movimento regionalista será sempre uma voz essencial no diálogo com as entidades oficiais, particularmente as autarquias.
Escreve Rocha-Trindade:”Beneficiando do empenhamento dos seus membros, do seu conhecimento das realidades locais e da representatividade que lhes é unanimemente reconhecida, os Regionalistas da Serra poderão contribuir poderosamente para a identificação e localização dos problemas regionais e para afirmação e reforço das prioridades a atribuir às correspondentes soluções”.
Sendo eu um convicto defensor dos movimentos cívicos, cada vez mais necessários no diálogo com os poderes políticos, vejo no regionalismo, através das suas Comissões e Associações, um meio de praticar cidadania e reforçar a democracia participativa

quinta-feira, 8 de abril de 2010

José Mattoso em Coja

08 de Abril de 2010


A quando da inauguração da sede da Junta de Freguesia de Coja,em Novembro de 1993,José Mattoso,oriundo do Pisão, proferiu uma brilhante conferência,em boa hora editada pela Junta, com a colaboração da Editorial Moura Pinto.Recomendo a leitura ou releitura (encontra-se disponível na Biblioteca Alberto Martins de Carvalho em Coja).
Decorridos estes anos, é notável a sua oportunidade.Em 1993 disse José Mattoso:
“Ao contrário do que acontecia no tempo dos nossos avós, dificilmente se acredita que o dia de amanhã seja muito melhor que o de ontem.Esperam-se no futuro restrições sérias às condições económicas da vida da maioria dos habitantes, olha-se com apreensão para o dia de amanhã...”
E acrescentava:”Para os que têm menos sucesso individual a sua única defesa consiste em unirem-se e apertarem os laços comuns...Insisto na necessidade de fomentar um espírito de entreajuda e de cultivar a consciência de que uma comunidade de moradores só pode subsistir se transmitir aos vindouros um espírito de coesão.”
Porque falava para os cojenses, acrescentou:”Faço votos para que os habitantes desta freguesia de Coja saibam procurar os caminhos do futuro, e se saibam organizar para melhorarem as suas condições de vida...”
Quem diria melhor nestes temos de crise?

quinta-feira, 25 de março de 2010

Médicos e SNS

25 de Março de 2o10


Recentemente a opinião pública foi alarmada pela debandada de médicos do SNS por pedidos de aposentação antecipada: nos primeiros dois meses deste ano, terão sido mais de 500 os clínicos que requereram a passagem à reforma.
Há razões para ficarmos preocupados. Se actualmente já são centenas de milhares de portugueses sem médico de família e se já sofremos pelas prolongadas esperas, esta repentina sangria no SNS acrescenta fortes motivos de preocupação.
O Governo tenta remediar esta emergência recorrendo a médicos já aposentados, aliciando-os com a oportunidade de aumentar as suas reformas com novas remunerações.
Se compreendo a decisão pela urgência, não deixo de lamentar que a cedência a interesses corporativos e irresponsabilidade dos vários governos, desde há anos, tenha provocado esta situação.
Tivéssemos permitido a formação de mais médicos, criado estímulos de vária ordem, e não seria necessário esta medida de excepção que o Governo agora tomou.
Portugal, apesar das conhecidas lacunas, ainda tem um Serviço Nacional de Saúde de que se pode orgulhar. Mas temos que o manter e melhorar. Os médicos, como aliás todos os outros quadros, são essenciais para a qualidade deste serviço. Daí que o Governo tenha o dever de lhes garantir as melhores condições para o exercício do seu trabalho. Asseguradas estas, é obrigação dos responsáveis exigir-lhes o profissionalismo que muitas vezes falta.
A situação a que chegámos é consequência de erros do passado. Sei que já foram tomadas decisões para formar mais médicos, no entanto, devido ao necessário tempo de formação, os benefícios demorarão a sentir-se.
Confio que este ou outro Governo tenham coragem para enfrentar os interesses corporativos, concretamente a Ordem dos Médicos, que, sistematicamente, vem defendendo que temos médicos a mais. Se assim é, pergunto: onde estão e porquê?
Assistência à saúde é um direito contitucional.Defender o SNS passa por ter profissionais motivados e utentes satisfeitos.

Pobreza

1 de Abril de 2010


A União Europeia deliberou que 2010 fosse o Ano Europeu Contra a Pobreza e Exclusão Social. Questão muito grave que exige resposta.
Fernando Nobre, fundador da AMI e candidato a Presidente da República, muito sensível a esta causa e com notável obra, escreveu:”a questão da exclusão social, a não ser encarada e resolvida, é uma questão que vai revolucionar a Europa e o resto do mundo e que poderá pôr em causa a própria democracia. A democracia só estará garantida se nós, cidadãos, estivermos atentos, agindo para que certos direitos e deveres sejam garantidos”.
Considerando positiva a iniciativa da U.E. receio que, mais uma vez, fiquemos apenas nas boas intenções.
Já em 2000,a propósito da Estratégia de Lisboa, chefes de Estado e de Governo da União Europeia se haviam comprometido a dar um “forte impulso decisivo à eliminação da pobreza” até 2010.Ainda nesse ano 2000, a ONU fixou como primeiro Objectivo de Desenvolvimento do Milénio (ODM) a erradicação da pobreza e fome até 2015.
Corre o ano de 2010 e como estamos?
No mundo, a pobreza afecta mais de mil milhões de pessoas, 1/6 da população; em Portugal, mais de 18%, ou seja, quase 2 milhões de portugueses, vivem no limiar da pobreza.
Com tantos propósitos e tão frustrantes resultados, é caso para duvidar da verdadeira vontade para resolver este flagelo.
É preciso acreditar, antes de mais, que a pobreza não é uma inevitabilidade. Pode e tem que ser erradicada.
Nenhum país, poderá ter futuro com tanta gente a viver em risco de pobreza.
Não sendo sustentável que a resposta adequada a este problema possa estar nos subsídios, assistencialismo ou quaisquer outras prestações sociais que apenas minimizam ou disfarçam, exige-se uma profunda mudança no actual modelo de desenvolvimento.
Porque o trabalho, acessível a todos e com remuneração justa, é o meio mais eficaz e digno de travar este combate, exige-se dos governos que estimulem e invistam em novas oportunidades de desenvolvimento; das empresas espera-se que finalmente assumam a suas responsabilidades sociais; dos cidadãos que se mobilizem e participem. A pobreza combate-se com competitividade económica, mas principalmente com melhor repartição dos rendimentos.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Mobilização Nacional

18 de Março de 2010


Ninguém nega que o País precisa de se mobilizar para enfrentar as dificuldades que atravessa.
O Governo anuncia o congelamento de salários e prémios em empresas do Estado, particularmente dos seus gestores, o mesmo prometendo para os membros do Executivo.
Na actual conjuntura, trata-se duma decisão inevitável e exemplar; mal seria se, quando se pedem sacrifícios, o exemplo não viesse de cima.
No entanto, para que seja justa, terá que ter em consideração os muitos trabalhadores que auferem rendimentos muito baixos. A estes, não só é imoral congelar salários, como é exigível que os aumentem para um nível mínimo de dignidade.
O mesmo se deve aplicar às reformas. Ainda há dias ouvi o candidato à Presidência da República, Dr. Fernando Nobre, defender que o limite mínimo das reformas públicas deveria ser fixado em €500,00 e o máximo em €5.000,00.
A exigência de pedir sacrifícios deverá ser uma boa circunstância para atenuar as escandalosas desigualdades que ferem a coesão nacional.
Porque falamos de mobilização para a poupança, estas medidas deverão ser complementadas com outras, tais como a racionalização e moralização da máquina do Estado, pondo cobro aos imensos gastos supérfluos e ociosos.
Porque são decisões difíceis, exigem vontade e coragem de todos os agentes políticos, sejam governo ou oposição.
Se forem reconhecidas como justas, se orientadas para fazer de Portugal um país mais equitativo, estou convicto de que os Portugueses, como sempre fizeram nos períodos difíceis da nossa História, saberão mobilizar-se.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Vamos Limpar Portugal

11 de Março de 2020


Os Antigos reconheciam determinados bens como “dádivas de Deus” porque, sendo essenciais para a sobrevivência da humanidade, são pertença de todos: os chamados Bens Comuns.Destes, os principais são a Água, Ar e Terra. Mesmo que alguns sejam hoje maioritariamente propriedade privada, como a Terra, por exemplo, nem por isso a comunidade deixa de ter responsabilidade pela sua preservação.
Com efeito, não é aceitável que, qualquer um, por ser proprietário dum terreno, nele possa cometer atentados ambientais.
Caminhamos para a ruína sempre que cada um individualmente se julgue com liberdade de, em benefício próprio, poder atentar contra os Bens Comuns.
Além da responsabilidade dos Estados, é aos cidadãos que compete a grande tarefa de zelar por aquilo que é de todos nós.
Individualmente, no nosso comportamento diário, temos imensas oportunidades de o fazer. No entanto, só através de acções colectivas esse trabalho se torna verdadeiramente eficaz.
É neste contexto que devemos participar no Projecto Limpar Portugal (PLP) programado para o próximo sábado.
O excelente artigo de Patrick Dias da Cunha publicado neste Jornal em 25 de Fevereiro é suficientemente esclarecedor. Congratulo-me com o trabalho já feito e reforço o apelo a uma grande participação.
A terminar, não resisto, no entanto, a esta citação:”A terra não é apenas algo que herdamos dos nossos antepassados; a terra é, sobretudo, algo que pedimos emprestado aos nossos filhos”.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

O Navegador

4 de Março de 2010


A 4 de Março de 1394 nascia o Infante D. Henrique, que viria a ficar conhecido como O Navegador.
Foi com o seu patrocínio que se iniciaram os Descobrimentos e, com eles, o Império Português. Tudo numa época em que Portugal, após a vitória de Aljubarrota, precisava de consolidar a sua independência e autonomia face aos Castelhanos.
Desde logo ficou evidente que o nosso território era pequeno para tanta ambição. Não sendo realista provocar os nossos vizinhos de Castela, a alternativa era a expansão ultramarina. Foi nessa epopeia que D. Henrique adquiriu grande protagonismo. Não tanto pelos seus feitos como navegador, que nunca terá sido, mas sim pela maneira inteligente como se rodeou de pessoas sábias e experientes e, sobretudo por ter tido o grande mérito de sistematizar informação já conhecida e outra que ia sendo adquirida.
Os Descobrimentos influenciaram a economia, ciência, artes e religião em todo o Globo.
Até então os povos, separados por barreiras intransponíveis, desconheciam-se.O facto de, na época, todo o comércio terrestre com o Oriente ser controlado pelos Muçulmanos era humilhante para o Ocidente Cristão.
A descoberta das rotas marítimas para o Oriente veio alterar tudo isto. A Portugal, mas também a toda a Europa, começaram a chegar enormes riquezas, em ouro, especiarias e outros bens. O nosso País conheceu anos de grande opulência. De lastimar que tivessem sido poucos os beneficiados, já que ao povo pouco ou nada chegou. Na realidade, enquanto a corte, nobreza e alta burguesia enriqueciam com o que vinha de fora, o interior do país ia ficando cada vez mais esquecido e abandonado; mas isto é outra história que valeria a pena contar.
O que hoje pretendo relevar é o contributo que Portugal deu para o progresso da Humanidade.
D.Henrique soube incentivar um espírito descobridor que galvanizou os portugueses para um projecto nacional que influenciou o mundo e perdurará para nosso eterno orgulho.
A nossa história ensina-nos, e D. Henrique e os Homens do seu tempo demonstraram-no: os Portugueses perante situações difíceis sempre se motivam e sabem agir.
Hoje, perante as conhecidas dificuldades, é o momento para a nossa geração o comprovar.

O Valor do Exemplo

25 de Fevereiro de 2010


A crise evidencia-se também nos sacrifícios que o Orçamento de Estado sugere.
Como sempre, em período de dificuldades, quem mais sofre é quem menos tem, ou os mais frágeis, particularmente os idosos, crianças, desempregados e muitos outros que, embora tendo emprego, auferem salários de miséria.
Se a solidariedade é um valor que deve estar sempre presente, mais se justifica quando as dificuldades se agravam.
Estatísticas recentes indicam que Portugal é o terceiro país, dos trinta da OCDE, onde a desigualdade é maior; neste aspecto, pior do que nós só o México e a Turquia.
Ao contrário de países bem mais ricos, como a Suécia ou Dinamarca, por exemplo, os rendimentos dos portugueses são escandalosamente desiguais.
Quando é esta a realidade, exige-se aos governantes e detentores de cargos públicos que, quando pedem ou defendem sacrifícios, comecem por dar o exemplo: cortando nos gastos dispensáveis e supérfluos, tributando com rigor e justiça e dando sinais de solidariedade.
Na verdade, é difícil entender como se pode pedir a funcionários públicos que ganham o salário mínimo, ou ainda menos, que se conformem com aumentos de 0%,quando, no referido Orçamento se prevê aumento de 13,2%para despesas de ministros em viagens, hotéis e outras.
Bom exemplo vem-nos do Alentejo, mais concretamente da Câmara de Vidigueira: perante a crise, decidiram aumentar os funcionários de nível I, os de mais baixos salários, ao mesmo tempo que reduziram os ordenados do presidente, vereadores e outros quadros nomeados.
Bem sei que estes actos são pouco significativos em termos de poupança, no entanto, e é isto que pretendo destacar, valem pelo simbolismo.

Regionalização Solidária

11 de Fevereiro de 2010



Há quem seja a favor e quem esteja contra a Regionalização. Como acontece muitas vezes, há boas razões de uns e outros.
O que está em causa é a criação de áreas geográficas dotadas de autonomia administrativa relativa.
Acontece que nem todos têm a mesma perspectiva do que seja a regionalização. Senão vejamos: se para uns é o melhor sistema de organizar e gerir o País, tornando-o mais participado, justo e desenvolvido, para outros é apenas pretexto para fazer prevalecer e valorizar interesses locais e alimentar caciquismos.
Ora, é precisamente esta última visão que deve ser combatida. O que se passa com a Região Autónoma da Madeira ilustra o que pretendo dizer: Porque o seu Presidente tem força reivindicativa (e não só), os sucessivos governos centrais têm pactuado com gastos e sucessivas transferências de verbas absolutamente desproporcionadas relativamente ao que recebem outras regiões do País bem mais carentes.
Felizmente, a Madeira é já hoje a segunda região mais rica de Portugal; é mesmo a única onde aumentou o rendimento por habitante.
Apesar disso, Alberto João Jardim, indiferente às dificuldades do País, continua insaciável nas exigências de mais verbas para a sua Madeira.
A verdade é que o dinheiro é pago por todos os portugueses, incluindo os que vivem nas regiões mais deprimidas, no pressuposto de que venha a ser aplicado com equidade. Infelizmente não é isso que se passa: no interior do território há regiões sistematicamente prejudicadas porque não usam os mesmos métodos reivindicativos da Madeira.
Nestas circunstâncias, é obrigação de qualquer Governo Nacional não ceder a oportunismos ou chantagens e praticar uma política justa e solidária.
Defendo a Regionalização neste contexto; serei sempre contra aqueles que se servem dela, insensíveis aos interesses do conjunto nacional.

Responsabilidade e Bom Senso

4 de Fevereiro de 2010



O resultado das últimas eleições legislativas ditou que o partido ganhador o fosse com maioria relativa.Mais do que discutir as razões que a isso conduziram, importa agora exigir de todos, Governo e Oposição, que saibam assumir as respectivas responsabilidades.
Quem ganhou, que governe; quem é oposição que se mantenha crítico e exigente, mas com alternativas construtivas.
A autoridade de quem critica, particularmente das oposições, advêm-lhe da responsabilidade com que o fazem e das opções que apresentam.
Se isto é assim em qualquer situação, mais pertinente se torna, quando o governo, por ser minoritário, precisa de fazer acordos com as oposições.
Mais do que nunca exige-se bom senso ao governo e partidos da oposição; os interesses do país estão em causa.Quem tem mandato para governar deve fazê-lo com humildade, negociando caso a caso, sempre que as circunstâncias o exigirem.Por sua vez, às oposiçôes exige-se que sejam responsáveis, capazes de valorizar o interesse nacional perante os calculismos partidários.Isto significará disponibilidade para deixar que quem ganhou as eleições possa cumprir o programa com que se candidatou.
O interesse nacional obriga a uma atitude responsável e patriótica tanto do governo como dos partidos. As consequências dos seus actos serão avaliados nas próximas eleições; até lá todos devem assumir as respectivas responsabilidades.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O Valor do Exemplo

25 de Fevereiro de 2010


A crise evidencia-se também nos sacrifícios que o Orçamento de Estado sugere.
Como sempre, em período de dificuldades, quem mais sofre é quem menos tem, ou os mais frágeis, particularmente os idosos, crianças, desempregados e muitos outros que, embora tendo emprego, auferem salários de miséria.
Se a solidariedade é um valor que deve estar sempre presente, mais se justifica quando as dificuldades se agravam.
Estatísticas recentes indicam que Portugal é o terceiro país, dos trinta da OCDE, onde a desigualdade é maior; neste aspecto, pior do que nós só o México e a Turquia.
Ao contrário de países bem mais ricos, como a Suécia ou Dinamarca, por exemplo, os rendimentos dos portugueses são escandalosamente desiguais.
Quando é esta a realidade, exige-se aos governantes e detentores de cargos públicos que, quando pedem ou defendem sacrifícios, comecem por dar o exemplo: cortando nos gastos dispensáveis e supérfluos, tributando com rigor e justiça e dando sinais de solidariedade.
Na verdade, é difícil entender como se pode pedir a funcionários públicos que ganham o salário mínimo, ou ainda menos, que se conformem com aumentos de 0%,quando, no referido Orçamento se prevê aumento de 13,2%para despesas de ministros em viagens, hotéis e outras.
Bom exemplo vem-nos do Alentejo, mais concretamente da Câmara de Vidigueira: perante a crise, decidiram aumentar os funcionários de nível I, os de mais baixos salários, ao mesmo tempo que reduziram os ordenados do presidente, vereadores e outros quadros nomeados.
Bem sei que estes actos são pouco significativos em termos de poupança, no entanto, e é isto que pretendo destacar, valem pelo simbolismo.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Portugal Eterno

18 de Fevereiro de 2010


Lendo e ouvindo alguns dos nossos políticos e analistas, haverá muita gente que fica assustada. De tão catastrofistas que são, quase nos levam a acreditar que Portugal já não tem remédio. Ainda há poucos dias, um deles, do alto da sua sapiência, afirmava: Portugal está à beira de iniciar um percurso para a irrelevância, talvez para o desaparecimento, a pobreza certamente.
Confesso que as opiniões destes pessimistas já não me abalam. Primeiro, porque, afogados no seu derrotismo, são incapazes de suscitar sentimentos positivos tão necessários para enfrentar as dificuldades; depois, porque parecem ignorar a nossa História.
Temos um passado com mais de novecentos anos, com maiores ou menores dificuldades, mas com assinaláveis progressos, a ponto de hoje nos colocarmos no conjunto dos países mais desenvolvidos.
Ao longo dos tempos, sempre houve os “Velhos de Restelo” que apenas sabem lamuriar desgraças e o que de mau acontece. A ter vingado a sua perspectiva, Portugal ou já não existiria, ou então estaria bem pior. Dos pessimistas não reza a história. Felizmente sempre tivemos grandes patriotas que souberam congregar a maioria dos portugueses e, em conjunto, encontrar respostas para os problemas.
Longe de mim ignorar ou negar as presentes dificuldades. No entanto, do que Portugal mais precisa agora é de pessoas responsavelmente positivas, que contribuam para melhorar a auto-estima dos portugueses.
Todos os que pressagiaram no passado ou amedrontam hoje com o fim de Portugal já morreram ou hão-de partir, e Portugal, graças aos muitos que acreditam e lutam, permanecerá eterno.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Centenário da República

28 de Janeiro de 2010




A melhor demonstração de que os portugueses estavam preparados e ansiavam pela República está no facto de ,apesar de oito séculos de Monarquia,a transição ter sido tão fácil.
Após o 5 de Outubro de 1910,um pouco por todo o país,as pessoas regozijaram-se e festejaram a implantação da República.
As razões serão várias,no entanto,a principal terá a ver com a política incompetente e opressora da Monarquia.Eramos dos países mais atrasados da Europa em todos os sectores.
Dizia Eça de Queiroz em 1870 que em Portugal tudo é importado:”as leis,as ideias,os valores,a ciência,a indústria...”
Acresce a estas razões o facto de ,nesses anos,a Europa estar fortemente influenciada pela proclamação da Comuna de Paris,em 1871.
Tudo conjugado e a convicção generalizada de que o progresso,liberdade e democracia só seriam alcançáveis com um regime republicano,fizeram com que ,de repente,deixassemos de ser Monarquia e passássemos a República.
Na Europa,a seguir à França e Suiça,fomos a terceira República consolidada.
Vem isto a propósito de se comemorar este ano o Centenário da República.
As cerimónias terão inicio já no próximo dia 31,evocando a Revolta Republicana de 1871, e prolongar-se-ão até meados do próximo .
O desejável é que,para além da reconstituição histórica,as comemorações possam contribuir para que ,nesta II República,não se cometam os erros do passado e que nos custaram mais de 40 anos de ditadura.Os tempos são outros,é verdade,mas nem por isso devemos deixar de aproveitar estas comemorações para revigorar os autênticos ideais republicanos:melhor democracia,com mais respeito pelos direitos humanos.Só assim se justificará tamanho investimento.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Vergonha e Indignação

21 de Janeiro de 2010


Foi já este ano:em Lisboa,entre as 10h00 e as 22h00 dum Domingo,foram encontrados mortos,em diferentes locais, nove idosos que viviam sós.
Pela mesma altura,uma outra notícia denunciava o caso de seis idosos,abandonados durante a noite num lar clandestino e que,após gritos de socorro,foram resgatados pelas autoridades.
Estas ocorrências,são verdadeiros murros no estômago que não nos podem deixar indiferentes.
Que sociedade é esta que permite que isto vá acontecendo cada vez com mais frequência?
É preciso parar para nos questionarmos.
Num tempo em que tanto se fala de crise,estamos confrontados com uma, maior e mais grave:a chamada crise de valores.
Os avanços da ciência têm permitido que hoje haja mais idosos.Mas será que esta realidade,só por si,é uma circunstância feliz?
Olhando à volta, e vendo a maneira como são tratados muitos desses idosos,receio bem que não estejamos à altura de corresponder a esse progresso cientifico.
A solidão e abandono,muitas vezes no seio das próprias famílias,têm como causa principal o egoísmo e falta de afectos.
Porque os idosos são a nossa memória, devem merecer a máxima consideração.Das famílias,naturalmente em primeiro lugar,mas também do Estado,seja através das suas próprias instituições,seja de outras que apoie.
O idoso não pode ser visto como uma coisa que se põe em determinado sítio para se lhe dar roupa e comida.É uma pessoa que precisa dos nossos afectos.
Saber que há gente a viver e morrer abandonada,em total solidão, é motivo de vergonha,mas, sobretudo, de indignação.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O Nosso Regionalismo

14 de Janeiro de 2010


É um tema recorrente nestas crónicas:não fosse este um órgão regionalista e não vivêssemos nós numa região onde este sentimento se exprime com mais autenticidade.
Há os que o abordam com desconfiança,no entanto,quem se identifica com a vivência da nossa Beira-Serra sabe bem quanto ele foi, e ainda é, decisivo para o desenvolvimento desta região.
Só através das Comissões de Melhoramentos,Ligas ou outras Associações, foi possível enfrentar as necessidades mais prementes das populações.Quem, senão o povo,comunitarimente organizado,levou a água,telefone,electricidade,estradas às suas aldeias, numa época em que não havia poder autárquico e o central as ignorava?
O que foi a acção deste “Associativismo Popular” é história que deve ser continuamente lembrada.
Os jornais regionais têm desempenhado um importante papel ,seja através de artigos de opinião,seja na divulgação das mais diversas iniciativas locais.Nunca será de mais reconhecer e agradecer o trabalho dos muitos correspondentes que nos vão dando conta das realidades das suas terras.
Felizmente também há excelentes trabalhos publicados,alguns mesmo de cariz académico, e que merecem lugar na estante de quem se interessa pela Região. Correndo o risco de omissão,por desconhecimento,lembro os trabalhos de António Lopes Machado,António Quaresma Ventura,Maria B.Rocha Trindade,Pedro Jorge Rodrigues e de Joaquim Felício,
Indispensável para bom conhecimento do que foi o nosso Regionalismo é a excelente publicação “Casa da Comarca de Arganil XXV Aniversário”.
Haverá outros contributos seguramente;sentir-me-ei redimido da minha omissão se algum leitor os quiser divulgar.
É essencial conhecer a importância do “movimento regionalista”ao longo de todo o seu passado para que se encontrem novos caminhos,adequados às novas realidades.
Como disse José Mattoso :”só se pode alcançar um verdadeiro progresso se se adquirirem novos bens sem se perderem os do passado”

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Salário Mínimo Nacional

7 de Janeiro de 2010


Em Portugal, o salário mínimo nacional é um dos mais baixos da União Europeia;ao contrário,o preço dos bens essenciais estão ao nível,algumas vezes mesmo acima,do que é praticado em países mais ricos.
Por ser esta a realidade ,justificam-se esforços de todos os parceiros sociais para o aumento progressivo do seu valor.
Ainda em 2006,governo,entidades patronais e sindicatos acordaram que em 2011 o SMN atingiria os €500,00; apesar de escasso, parece um acordo sensato,tendo em conta a realidade do país.Quando dele tive notícia,perspectivei um bom augúrio para futuras negociações e para a desejada estabilidade social.
Infelizmente,decorrido tão pouco tempo,já há quem queira desrespeitar o combinado.Na verdade,alguns patrões,a pretexto da crise,estão já a dizer que não podem aceitar o consequente aumento do salário mínimo.
A este propósito,ocorrem-me três questões:
Que credibilidade merecem estes senhores para futuras negociações?
Será que os elevados salários de administradores e altos quadros também ficarão congelados?
A crise só afecta os patrões?
Andou bem o Governo, fiel ao negociado,fixando para 2010 o SMN nos €475,00.
Dito isto,quero deixar bem claro que faço distinção entre os bons empresários que temos em Portugal e os ditos patrões para quem apenas conta o lucro,mesmo que à custa da pobreza dos seus trabalhadores.