25 de Fevereiro de 2010
A crise evidencia-se também nos sacrifícios que o Orçamento de Estado sugere.
Como sempre, em período de dificuldades, quem mais sofre é quem menos tem, ou os mais frágeis, particularmente os idosos, crianças, desempregados e muitos outros que, embora tendo emprego, auferem salários de miséria.
Se a solidariedade é um valor que deve estar sempre presente, mais se justifica quando as dificuldades se agravam.
Estatísticas recentes indicam que Portugal é o terceiro país, dos trinta da OCDE, onde a desigualdade é maior; neste aspecto, pior do que nós só o México e a Turquia.
Ao contrário de países bem mais ricos, como a Suécia ou Dinamarca, por exemplo, os rendimentos dos portugueses são escandalosamente desiguais.
Quando é esta a realidade, exige-se aos governantes e detentores de cargos públicos que, quando pedem ou defendem sacrifícios, comecem por dar o exemplo: cortando nos gastos dispensáveis e supérfluos, tributando com rigor e justiça e dando sinais de solidariedade.
Na verdade, é difícil entender como se pode pedir a funcionários públicos que ganham o salário mínimo, ou ainda menos, que se conformem com aumentos de 0%,quando, no referido Orçamento se prevê aumento de 13,2%para despesas de ministros em viagens, hotéis e outras.
Bom exemplo vem-nos do Alentejo, mais concretamente da Câmara de Vidigueira: perante a crise, decidiram aumentar os funcionários de nível I, os de mais baixos salários, ao mesmo tempo que reduziram os ordenados do presidente, vereadores e outros quadros nomeados.
Bem sei que estes actos são pouco significativos em termos de poupança, no entanto, e é isto que pretendo destacar, valem pelo simbolismo.
Um parágrafo, dois gráficos, algumas palavras.
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O parágrafo é da autoria de Domenico Losurdo, em *A luta de classes - uma
história política e filosófica*, editado, em 2015, pela Boitempo no Brasil.
Já ...
Há 1 hora
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