quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Centenário da República

28 de Janeiro de 2010




A melhor demonstração de que os portugueses estavam preparados e ansiavam pela República está no facto de ,apesar de oito séculos de Monarquia,a transição ter sido tão fácil.
Após o 5 de Outubro de 1910,um pouco por todo o país,as pessoas regozijaram-se e festejaram a implantação da República.
As razões serão várias,no entanto,a principal terá a ver com a política incompetente e opressora da Monarquia.Eramos dos países mais atrasados da Europa em todos os sectores.
Dizia Eça de Queiroz em 1870 que em Portugal tudo é importado:”as leis,as ideias,os valores,a ciência,a indústria...”
Acresce a estas razões o facto de ,nesses anos,a Europa estar fortemente influenciada pela proclamação da Comuna de Paris,em 1871.
Tudo conjugado e a convicção generalizada de que o progresso,liberdade e democracia só seriam alcançáveis com um regime republicano,fizeram com que ,de repente,deixassemos de ser Monarquia e passássemos a República.
Na Europa,a seguir à França e Suiça,fomos a terceira República consolidada.
Vem isto a propósito de se comemorar este ano o Centenário da República.
As cerimónias terão inicio já no próximo dia 31,evocando a Revolta Republicana de 1871, e prolongar-se-ão até meados do próximo .
O desejável é que,para além da reconstituição histórica,as comemorações possam contribuir para que ,nesta II República,não se cometam os erros do passado e que nos custaram mais de 40 anos de ditadura.Os tempos são outros,é verdade,mas nem por isso devemos deixar de aproveitar estas comemorações para revigorar os autênticos ideais republicanos:melhor democracia,com mais respeito pelos direitos humanos.Só assim se justificará tamanho investimento.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Vergonha e Indignação

21 de Janeiro de 2010


Foi já este ano:em Lisboa,entre as 10h00 e as 22h00 dum Domingo,foram encontrados mortos,em diferentes locais, nove idosos que viviam sós.
Pela mesma altura,uma outra notícia denunciava o caso de seis idosos,abandonados durante a noite num lar clandestino e que,após gritos de socorro,foram resgatados pelas autoridades.
Estas ocorrências,são verdadeiros murros no estômago que não nos podem deixar indiferentes.
Que sociedade é esta que permite que isto vá acontecendo cada vez com mais frequência?
É preciso parar para nos questionarmos.
Num tempo em que tanto se fala de crise,estamos confrontados com uma, maior e mais grave:a chamada crise de valores.
Os avanços da ciência têm permitido que hoje haja mais idosos.Mas será que esta realidade,só por si,é uma circunstância feliz?
Olhando à volta, e vendo a maneira como são tratados muitos desses idosos,receio bem que não estejamos à altura de corresponder a esse progresso cientifico.
A solidão e abandono,muitas vezes no seio das próprias famílias,têm como causa principal o egoísmo e falta de afectos.
Porque os idosos são a nossa memória, devem merecer a máxima consideração.Das famílias,naturalmente em primeiro lugar,mas também do Estado,seja através das suas próprias instituições,seja de outras que apoie.
O idoso não pode ser visto como uma coisa que se põe em determinado sítio para se lhe dar roupa e comida.É uma pessoa que precisa dos nossos afectos.
Saber que há gente a viver e morrer abandonada,em total solidão, é motivo de vergonha,mas, sobretudo, de indignação.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O Nosso Regionalismo

14 de Janeiro de 2010


É um tema recorrente nestas crónicas:não fosse este um órgão regionalista e não vivêssemos nós numa região onde este sentimento se exprime com mais autenticidade.
Há os que o abordam com desconfiança,no entanto,quem se identifica com a vivência da nossa Beira-Serra sabe bem quanto ele foi, e ainda é, decisivo para o desenvolvimento desta região.
Só através das Comissões de Melhoramentos,Ligas ou outras Associações, foi possível enfrentar as necessidades mais prementes das populações.Quem, senão o povo,comunitarimente organizado,levou a água,telefone,electricidade,estradas às suas aldeias, numa época em que não havia poder autárquico e o central as ignorava?
O que foi a acção deste “Associativismo Popular” é história que deve ser continuamente lembrada.
Os jornais regionais têm desempenhado um importante papel ,seja através de artigos de opinião,seja na divulgação das mais diversas iniciativas locais.Nunca será de mais reconhecer e agradecer o trabalho dos muitos correspondentes que nos vão dando conta das realidades das suas terras.
Felizmente também há excelentes trabalhos publicados,alguns mesmo de cariz académico, e que merecem lugar na estante de quem se interessa pela Região. Correndo o risco de omissão,por desconhecimento,lembro os trabalhos de António Lopes Machado,António Quaresma Ventura,Maria B.Rocha Trindade,Pedro Jorge Rodrigues e de Joaquim Felício,
Indispensável para bom conhecimento do que foi o nosso Regionalismo é a excelente publicação “Casa da Comarca de Arganil XXV Aniversário”.
Haverá outros contributos seguramente;sentir-me-ei redimido da minha omissão se algum leitor os quiser divulgar.
É essencial conhecer a importância do “movimento regionalista”ao longo de todo o seu passado para que se encontrem novos caminhos,adequados às novas realidades.
Como disse José Mattoso :”só se pode alcançar um verdadeiro progresso se se adquirirem novos bens sem se perderem os do passado”

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Salário Mínimo Nacional

7 de Janeiro de 2010


Em Portugal, o salário mínimo nacional é um dos mais baixos da União Europeia;ao contrário,o preço dos bens essenciais estão ao nível,algumas vezes mesmo acima,do que é praticado em países mais ricos.
Por ser esta a realidade ,justificam-se esforços de todos os parceiros sociais para o aumento progressivo do seu valor.
Ainda em 2006,governo,entidades patronais e sindicatos acordaram que em 2011 o SMN atingiria os €500,00; apesar de escasso, parece um acordo sensato,tendo em conta a realidade do país.Quando dele tive notícia,perspectivei um bom augúrio para futuras negociações e para a desejada estabilidade social.
Infelizmente,decorrido tão pouco tempo,já há quem queira desrespeitar o combinado.Na verdade,alguns patrões,a pretexto da crise,estão já a dizer que não podem aceitar o consequente aumento do salário mínimo.
A este propósito,ocorrem-me três questões:
Que credibilidade merecem estes senhores para futuras negociações?
Será que os elevados salários de administradores e altos quadros também ficarão congelados?
A crise só afecta os patrões?
Andou bem o Governo, fiel ao negociado,fixando para 2010 o SMN nos €475,00.
Dito isto,quero deixar bem claro que faço distinção entre os bons empresários que temos em Portugal e os ditos patrões para quem apenas conta o lucro,mesmo que à custa da pobreza dos seus trabalhadores.